terça-feira

Flecha Negra

Me ignora ...que esse drama me rende boas frases...isso mesmo, me interessa tua indiferença. Business ma beibe!!
Até hoje só uma pessoa soube como fazer isso com muita classe e com muito charme, ou ao menos o charme exato pra me encantar. Charme de malabarista: hoje eu não posso, amanhã eu não quero mas relax...é inevitável encontrar as pessoas na Heavy Sampa Gotancity. Muito inevitável depois de alguns anos. Mas por favor deus que eu não encontre...isso quebra qualquer clima...boas musas devem se manter longe-quase-perto. A questão meu querido curioso é: perto demais me inspira poucomuitopouco, faço o tipo ficcional me ame e me perca. Prefiro não me odeie e finja que me ama. Ela não me odeia, ela não me ama e ela me permite na minha mentira mais cabulosa ‘sofrer’ pelo amor que a gente não teve, e isso só funciona com ela. Todo escritor precisa de uma musa, ou todo otário. Eu tenho a mais competente delas...ahh Flecha Negra, tua indiferença me faz sentir mais viva!

quinta-feira

Não sei por que um blog se no meu drama mesquinho eu não quero nada me lendo pra não quebrar o feitiço, mas e a vaidade? Como eu começo uma coisa dessas? Se você não sabe nada sobre se ferrar! Se você não sabe nada sobre estar nu na frente de alguém, do amor. Sobre quebrar o amor essa coisa corrente e densa. E garota esse teu drama de quinta, esse teu sofrimento burguês banhado a ouro. Se você só carrega meia dúzia de livros nos ombros. Então não me venha falar se você não sabe nada da vontade de se jogar impetuosa, do risco de quem não conhece o paraíso e da falsa alegria de quem não enfrenta o dragão.
“minto enquanto posso nego tudo”
“leva! Leva meu coração que ele já está pesado de sentir”

quarta-feira

por que você não abre os olhos? por que mantêm tudo fechado? por que o fardo?
o que eu faço com as idéias?
aquela idéia de amor.
"onde eu vou chegar?
eu vou me fundir"
acusa logo o meu grande pecado!!
Hoje de manhã eu cansei. Mesmo me isolando descaradamente com meu fone de ouvido, eu não vejo ninguém eu não escuto ninguém, não preciso compartilhar um sorriso que sempre tende à malícia, um tipo de malícia que eu detesto, a malícia burra e previsível. Eu gosto de pessoas, mas não tanto assim. Calor humano me sufoca, me impregna tanto que eu tenho a sensação de estar levando todo mundo junto pra dentro de casa. E eu não quero todo mundo dentro de casa. Me basto.
E eu dividi os meus malditos com alguns e egoísta agora me arrependo, como se ela não fosse mais minha – como se o que eu sinto sobre AnaC não fosse mais meu, arrancado como um braço. Impossível de me voltar, incomoda.

terça-feira

Café da manhã reforçado.

quinta-feira

Eu queria falar de ternura, queria muito falar. De como eu gosto de você sem a violência da paixão, sem a posse...sem esperar a troca, de como eu gosto de você porque é carinho que me vem quando escuto o teu nome, e é um carinho gostoso de sentir, é como uma alegria.
Ternura só de palavra já é bonitinho. De estufar o peito!!
Todo mundo devia adorar alguém sem interferir na vida desse alguém. Todo mundo devia ter uma musa! E baby....

deve ser a primeira vez que te escrevo...assim tão só pra você.

terça-feira

Vamos fingir que vai tudo bem. Então me perdoa se como a Clarice eu prefiro as probabilidades ao destino..ir vivendo no que for sendo, sem grandes passos premeditados ou ensaiados. Eu só sei ir sendo assim, no inferno de estar viva. Latente.

“é que um mundo todo vivo tem a força de um inferno”

sexta-feira

Mas afinal o que é que vocês pensam? Eu não quero revelar minha intimidade e nem trazer ninguém pra dentro. Eu só quero um texto voraz e não minha média vida pacata de trabalhar ganhar dinheiro e gastar. Eu quero vida dupla!
Como se explica ternura visceral? Como me explico?

quinta-feira

" Fogo do final
Não sou eu que estou ali, mas também escrevi coisas assim, para pessoas que nem sei mais quem são, de uma loucura venenosa de tão funda.
A história está completa. Sereia de papel.
Não me deixa agora, fera. "


quarta-feira

Interpol - Obstacle 1

"ela põe pesos no meu pequeno coração..."

terça-feira

Passei dias pensando sobre amor. O que é o amor. De como eu não consigo manter, como nunca consegui e sempre vivi afogada nele. Dolorido habita nas minhas entranhas, me rasga, rasga o outro e se guarda no meu fundo como bicho ferino, vivo se debate sempre. Pronto e não pronto. Mas teu eterno. Por isso escrevo.

sexta-feira

ANOTAÇÕES INSENSATAS

"Preferia a fome: só isso. Pelo longo vício da própria fome"


Mas não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais. Tentaria, então, com toda a delicadeza possível, sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais, preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir. Como ia dizendo, no meio da tarde lenta demais, escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta, e veio — diria qualquer coisa como olha, tenho medo do normal, baby.Só que, como de hábito, na cabeça (como que separada do mundo, movida por interiores taquicardias, adrenalinas, metabolismos) se passava uma coisa, e naquele ponto em que isso cruzava com o de fora, esse lugar onde habitamos outros, começava a região do incompreensível: Lá, onde qualquer delicadeza premeditada poderia soar estúpida como um seco: não. E soou, em plena mesa posta.Tanto pasmo, depois. Sozinho no apartamento, domingo à noite. Todas as coisas quietas e limpas, o perfume adocicado das madressilvas roubadas e o bolo de chocolate intocado no refrigerador — até a televisão falar da explosão nuclear subterrânea. Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós. Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós? Não, não suportamos essa doçura.Puro cérebro sem dor perdido nos labirintos daquilo que tinha acabado de acontecer. Dor branca, querendo primeiro compreender, antes de doer abolerada, a dor. Doeria mais tarde, quem sabe, de maneira insensata e ilusória como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos. Que talvez, pensava agora, nem tivessem sido tão paradisíacos assim.Porque havia o sufocamento daquela espécie de patético simulacro de fantasia matrimonial provisória, a dificuldade de manter um clima feito linha esticada, segura para não arrebentar de súbito, precipitando o equilibrista no vazio mortal. Cheio de carinho, remexeu no doce, sem empurrar o prato. Preferia a fome: só isso. Pelo longo vício da própria fome — e seria um erro, porque saciar a fome poderia trazer, digamos, mais conforto? — ou de pura preguiça de ter que reformular-se inteiro para enfrentar o que chamam de amor, e de repente não tinha gosto?De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação? Espera, vamos conversar, sugeriu sem muito empenho. Tarde demais, porta fechada. Sozinho enfim, podia remexer em discos e livros para decidir sem nenhuma preocupação de harmonia-com-o-gosto-alheio que sempre preferira um Morrison a Manuel Bandeira. Sid Vicious a Puccini. A mosca a Uma janela para o amor, sempre uma vodca a um copo de leite: metal drástico. Era desses caras de barba por fazer que sempre escolherão o risco, o perigo, a insensatez, a insegurança, o precário, a maldição, a noite — a Fome maiúscula. Não a mesa posta e farta, com pratos e panelas a serem lavados na pia cheia de graxa — mas um hambúrguer qualquer para você que escrevo. Mas os escritores são muito cruéis, você me ama pelo que me mata com coca-cola no boteco da esquina, e a vida acontecendo em volta, escrota e nua.Não muito confuso, assim confrontado com sua explícita incapacidade de lidar com. A palavra não vinha. Podia fazer mil coisas a seguir. Mas dentro de qualquer ação, dentes arreganhados, restaria aquela sua profunda incapacidade de lidar com. Um instante antes de bater outra, colocar uma velha Billie Holiday e sentar na máquina para escrever, ainda pensou: gosto tanto de você, baby. Só que os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se apunhalo é porque é para você, para você que escrevo — e não entende nada.
Pequenas Epifanias - Caio Fernando de Abreu

quarta-feira

mordidas as duas por uma intimidade quase complacente, quase cortante. elas se olham e se reconhecem e isso não quer dizer amor. caminham no meio-fio apenas porque sabem desse caminho, e existem outros, mas esse já está nos pés. não se sabe onde termina mas está aí, aqui, no meio lado direito da cama.
escreve pra dentro, nada no papel.
" vou tomar um café, o mundo já acabou "

...despede-te dos ruídos...