quarta-feira

A Life? Cool! Where can I download one of those?
Para Eva, minha safadinha predileta:

Não existe maçã que não valha o apuros em que você se mete para comê-la.

segunda-feira

"If they can get you asking the wrong questions, they don’t need to worry about the aswers."

quinta-feira

mas que inferno, me sinto um ser de luz. felicidade é uma coisa que incomoda. [e isso não é um clichê do tipo: minha felicidade te incomoda]
meu semblante de séria e divinamente mal humorada continua aqui, firme e forte. o problema é que por dentro [ah jezuz], por dentro coração ricocheteia de amor em escala universal (meninos, meninas, árvores, concreto, o gato da vizinha - e eu mesma, céus, eu mesma!), alegria boba que de vez em quando escapa num sorrisinho sarcático no canto da boca. logo recomponho. felicidade é prejudicial, me impede de escrever maldades. por outro lado, me sinto blindada - dentro de um caixão de titânio.
ando meio Dexter..

quarta-feira

Jezuz, a vida tá bôa!

terça-feira

quarta-feira

Doce e amargo, maior que tudo ainda e tão presente que quase dá para tocar. Tão maior que, fala e age pela gente. Não existe fuga, ta do lado de dentro.
Amor serpenteia.

sexta-feira

Estão abertos os trabalhos. ON. Luz verdinha. Vem, pega tua pipoca free e senta aqui no meu colo. Minha casa ta um brilho. Minha gata é rebelde, mas só dorme comigo – fiel como uma cadela. Me levanto e bato palmas, pra minha metade vampira. Pálida como um convite.
Minha felicidade é um naufrágio. Por isso eu posso me afogar! E sempre voltar mais cínica..

Isso são versos. Babaca.

quarta-feira

"Versos! Versos! Sei lá o que são versos..."

TUDO ESTÁ ENTRE PARÊNTESES: Sim, tem caráter autobiográfico. É um texto com mau caráter.[2] A personagem principal é severamente míope (CLOSE). A personagem principal sempre escreve atraso com “z”. A personagem principal pensa que é a protagonista e que, no correr da pena, um intrincado enredo se apresentará, mas nada de importante, nada mesmo, acontecerá neste parágrafo. Nem nos outros. Todas as terças e quintas a personagem principal rega uma samambaia, daquelas vagabundinhas que nunca vai pra frente, só porque alguém colocou uma samambaia ali no escritório e ninguém molha. Ou seria “ali no laboratório”? Ou seria “ali no consultório”? “Ali no gabinete”? “Ali na sacristia”? A personagem principal tem uma rinite crônica que lhe confere um quê de irritabilidade. Ninguém, nem ela mesma, sabe que é alergia a pólen e derivados. A personagem principal sofre de insônia e ninguém sabe.[3] Mas tem aquelas olheiras esquisitíssimas (CLOSE) – acho que algumas pessoas já deduziram a coisa toda da insônia.

COMERCIAL, SIM, E DAÍ?: Resolva já seu problema! A solução que você procurava está exatamente aqui: (JINGLE: “Stop smiling right now!” 2X). Pare de agir como um/uma idiota sempre sorrindo. Compre já o creme anti-risinhos do Doutor Calipso. Chega de cãibras no maxilar! Dê adeus àquelas indesejáveis rugas (precoces!) ao redor da boca! Mantenha aquele ar de seriedade absoluta que fará de você um campeão, em casa, na firma, na fazenda, nas churrascadas que você tanto frequenta. Vida nova em um piscar de olhos. Enviamos para o lugar que quiserem.

TUDO NOS CONFORMES: Sim, cheira a autobiografia. A personagem principal usa lentes de contacto e enxerga relativamente bem, obrigado. A personagem principal balança a perna quando está irriquieta (CLOSE). A personagem principal tem uma obturação antiga que incomoda mas, por falta de tempo/dinheiro/referência, não vai nunca ao dentista. Dorival fica se perguntando o tempo todo: “Terei mau-hálito?” Joanice fica se perguntando o tempo todo: “Estará meu hálito adequado para a situação que se insinua?” Elisvaldo fica se perguntando o tempo todo: “Será que lembrei de escovar os dentes antes de sair de casa?”[4] Demétria fica se perguntando o tempo todo: “Devo perguntar a alguém se meu hálito está realmente agradável?” A personagem principal não pergunta nada. Não pergunta nada. Não pergunta nada a ninguém. Porra, isso sim é personagem, cara! A personagem principal exagera o tempo todo – mas só por dentro. A personagem principal só entra pela porta da frente.

TAKE 126, CENA 1:
“Peguei o carro”. Tem que pegar um carro sempre pra começar qualquer história decente. Carro conversível, claro, né amizade! Depois, aquelas tomadas de estrada vazia e curvas fechadas – que troço manjado![5] E depois tomando uma cerveja e limpando a boca com as costas da mão.[6] E depois parando num posto de gasolina[7]. E depois mijando num acostamento num pôr-de-sol. (Gostou dos tracinhos?). E depois ouvindo uma musiquinha estúpida no rádio do carro. (Mas, como é em inglês, a gente acha o máximo e se sente melancólico). E depois parando num motel vagabundo. E depois entrando no bar do motel e pedindo uma porcaria dupla. No bar tem um pôster do Humphrey Bogard (é assim que se escreve?). Do Elvis, que eu gostava tanto, não tem. Tem um pôster do James Dean. Chega! É demais pra mim.[8]

“TUDO DE BOM, QUERIDA!”: Sim, está me cheirando a autobiografia.[9] A personagem principal tem umas pontadas do lado direito, mais pra cima, isso, bem aí! Mas só as vezes (principalmente ao subir aquela maldita escada que dá para o laboratório). Mas não é caso de operar. A personagem principal, de acordo com os moradores da região, é “uma prevalecida” (quer dizer, é uma besta). A personagem principal rói vergonhosamente as unhas – mas só quando as lentes estão embaçadas ou a rinite piora. (“Dava-lhe nos nervos”, registrará um futuro biógrafo com português ruim). A personagem principal tem plena consciência das diferenças básicas entre kojak e kodak; contudo, foi vista, uma veizinha só mas foi, comendo com a boca quasi-aberta. Era plenilúnio. Cogita-se que tal personagem seja principal porque não há mais ninguém interessado no papel. A personagem principal só entra pela porta dos fundos. Só funda pela forta da prente. Fó sunda fela torta pa frente.

VIOLÊNCIA URBANA: Na minha cidade tem uns malucos que cortam o cabelo de garotas loiras com cabelos compridos e lisos pra vender pra salões de beleza especializados em fazer peruca com cabelos roubados de garotas loiras. Já pegaram três saindo da faculdade. É, três garotas loiras, lisas e longas do Curso de Direito. Obrigado senhor por ter me feito de cabelos castanhos, crespos e curtos. E também porque talvez eu seja apenas um rapaz, o que me mantém fora de perigo. Nunca tinha percebido como estava destinado a ser feliz até então. Protegei as garotas loiras dos assaltantes especializados em cabelos longos. E continuai protegendo para sempre os calvos, pois deles será a calvície eterna. Já viu uma coisa destas em outra cidade? Coitada da Ângela Maria Malhadas nem tem ido à Faculdade. Coitada da Terezinha Singelo nem tem ido a missas-de-sétimo-dia quando são à noite. (Atacam mais à noite, os safados). Coitada da Luizelena Trindade, ela é pixaim mas pensa que é loira e se cortarem os longos cabelos loiros dela para fazer uma peruca estarão cortando uma peruca – já pensou que drama psicológico pra menina?[10] É só nesse lugarzinho aqui onde eu moro! Como ficarão as garotas loiras depois do ato? Existe Barbie de cabelo curto?

TUDO MENTIRA: Pra não dizer que não falei dos altos e dos baixos. Pra não dizer que não falei da saída pela escotilha. Pra não dizer que não falei dos saltos da moda na próxima estação. Pra não dizer que não falei dos filhos-da-mãe. Pra não dizer que não falei dos princípios.[11] E pra não dizer que não cometi pecados: 1) cobicei a mulher do próximo e do antecedente; 2) roubei as canetas do escritório; 3) matei tempo. Sob tensão, matei moscas também num dia de calor insuportável. Matei e daí? Desrespeitei pai e mãe dos outros. Cobicei de novo, só que agora fui às vias de fato – então, na verdade e usando um termo científico, prevariquei (adorei fazer isto apesar da dificuldade de conjugação do verbo). Cobicei o marido da minha melhor amiga (ai ai) e a amiga do meu melhor marido (credo, gente! tô demais!).

GRAVANDO:
“Justine pode parecer apenas um nome, mais um daqueles nomes bonitos. Mas não é. É muito mais do que isso. E agora ele pode ser seu. Ele pode ser in-tei-ra-mente seu por apenas metade do que você imagina”. OUTRA VOZ: “Só três de quinhentos!” MESMA VOZ DO COMEÇO: “Adaptável para qualquer sexo e qualquer idade. Justin. Jus. Justinet. Use a combinação que desejar. Finja que é um novo sobrenome! Chega de ser diminuído porque seus pais tiveram a péssima idéia de lhe dar um nome maldito e sem expressão!” VOZ DOIS OUTRA VEZ SE METE: “Temos também nos modelos Justille e Jhustice, para os mais arrojados... Ouse...”. DUAS VOZES JUNTAS: “Adquira o seu nome próprio e venha para o mundo da sensação sem limites!”. NA TELA, PISCANDO, APARECE AINDA A MENSAGEM: Gratis maxi-desodorante floral Cheiro-de-si.

(SEGUE...): Tomei a água da samambaia! Cometi o pecado da gula. Depois jejuei por três meses e, por conselho de médicos especializados, voltei a comer. Voltei a matar, roubar, faltar aos cultos e afins, às cerimônias de coroação, às sagrações da primavera. Fui numa festinha junina infantil às 3:30 da tarde pra me redimir mas não me redimi. Fui ao zoológico e joguei pipoca pros pombos. Ainda bem que ninguém viu. Perguntei pra uma mulher-da-vida (tracinhos de novo...)[12] quanto era e fingi que não tinha o dinheiro e ela me despachou, mantendo a dignidade de cobrar pelo serviço. Sentei numa praça e tentei conversar com um velhinho mas não saiu nenhuma palavra. Ficamos idiotamente os dois ali e ele pensou que eu era uma criatura desprezível sem dinheiro pra pagar pipoca pros pombos. Só isso. Estou confessando: não guardei nem domingos nem feriados e não comi bacalhau na sexta-feira-santa e ainda escutei hard rock mesmo sem gostar no dia que era pra fazer silêncio, só pra afrontar a vizinha de cima. Não paguei o dízimo e gastei o dinheiro com um cd de boleros uma revistinha da mafalda um cachecol de listinhas coloridas um anel com o yin e yang que eu nunca vou usar um maço de free curto um detergente com glicerina pra não estragar muito as mãos quando tiver coragem de lavar a louçarada da pia uma caixa de band-aid redondo pra pôr no calcanhar quando usar o sapato novo um tubinho de super-bonder pra consertar o que estiver lascado um adesivo do meu time pra pôr na janela da frente e provocar o vizinho do lado um pente. Pensando bem o band-aid (peguei mania nessa coisa de tracinho) deveria ter sido do tradicional. Pensando bem a revistinha poderia ter sido de sacanagem o cachecol liso, o anel poderia ter sido do meu time o detergente um sabão em barra que durava mais, e o cigarro um pirulito que não causa dano ao pulmão, acho. Mas o pente tá bom.
Não fiz o separe em sí-la-bas não engraxei os sapatos não passei fio dental corretamente não sei o que quer dizer “inconcusso” não fui ao baile de formatura não liguei pra ninguém no ano-novo. Confesso.

E nunca amei-nos como a mim mesmo.
Brilhos que nem sempre se vê.

Tudo está entre parênteses: “diamante”, do gr. adámas, ‘indomável’, pelo lat. adamante.[13]
Só fui pra casa.
Tinha céu.
E pensei que era escritor.



_____________________________
[1]Trata-se, obviamente, de deslavado plágio do título de uma música de grupo de rock’nd roll inglês que, na década de 1960, foi mais conhecido do que Jesus Cristo. Por patente falta de criatividade, o autor opera aqui uma indecorosa apropriação de uma sentença de domínio universal a qual, mesmo sofrendo a (péssima, diga-se) tradução para a nossa língua portuguesa, conforme argumenta SEIXAS (2003:195) “mantém, contudo, a condição de indisfarçabilidade autoral”.
[2] Em 25 de maio próximo passado nossa emérita crítica Annamaria Polli-Sanson publicou artigo (pequeno, quase uma notinha, alegando “desnecessariedade em tomar o tempo dos leitores”) n’A Tribuna de Curitiba atentando para o “caráter degenerativo da produção pretensamente literária” do autor deste conto. Contatos com Polli-Sanson (palestras, manhãs de autógrafo, entrevistas, chás) pelo e-mail
annitta@rapidinha.com.br
[3] Cf. THEODORO, 2003:242, para comentário sobre o uso dos artigos o/a antecedendo a palavra “personagem” quando substantivo comum de dois ou mais gêneros.
[4]Até quando está em casa, coitado.
[5]“Manjado”, gíria da década de 1970, quer dizer “previsível”; “troço” a gente nunca podia falar quando era pequeno porque era coisa de gentinha.
[6] “Costas da mão”, também referenciadas como “contra-palma”, como no exemplo: “Tira tua mão da contra-palma da minha!” (OVÍDIO, A Arte de Amar, 2003:48).
[7] Postos de gasolina ficcionalizados, não se sabe porque, “adquirem enorme carga imagética, remetendo a princípios simbólico-imanente-periféricos que exacerbam a fruição visuo-psico-estética de quem os imagina” (NEFRONNINNI, 2003:79-80).
[8] “Dean”/ “mim”, rima apoplética semi-diminuta em sentença de triambinos oxidiegéticos que caracterizam a dicção chula do autor. Aproveitamos para registrar que a palavra “referenciada”, como apareceu na nota 6 do presente, não existe no dicionário. Faça-me o favor!
[9] “Um cheirinho ruim”, conforme SYDNEY ET ALII (2003:26 a 37).
[10] Luizelena Trindade, como todos sabemos, não é uma menina. É um travesti famoso e só por descuido do autor, tecnicamente incapaz de manter o caráter histórico deste relato, está sendo citado como um ser de sexo feminino.
[11] Vemos aqui que o emprego intencional do particípio passado com conotação de ironia confere tamanha elasticidade ao espectro semântico-tônico da frase que acaba por confundir, embaraçar, obnubilar a mente do coitado do leitor, o que é lastimável, com certeza.
[12] Observar que o autor vem dando preferência ao vocábulo “tracinhos” possivelmente por não saber se o plural de “hífen” é “hífenes”, “hífens”, ou, como no italiano, “hifeni”.
[13] HOLLANDA, 2003:585.


Luci Collin (Curitiba, 1964)

terça-feira

"Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
( Hilst - Do Desejo - 1992)


..e blá blá blá..

Uma falsa que se enraíza!!!

sexta-feira

"I am a evil, and happy..."

[Hoje eu tomei a decisão mais bacana de todas as decisões bacanas que eu já tomei na vida.]

...and that makes me a fucking fabulous!!!

quarta-feira

15h e o tédio me arranha as coxas. Vida dura? Senta em cima!

terça-feira

Cortaram a minha luz, literalmente. Abomináveis hominídeos da Eletropaulo. Não adiantou explicar que para uma pessoa doente como eu é muita coisa, levantar cedo e trabalhar, e ainda todo mês ter que lembrar de pagar a conta de luz, pôxa todo mês! Ah, que tristeza. Minha responsabilidade é um órgão no meu corpo que suspira em dias nublados, adora petit gateau e Morrissey e ta apaixonado. Fica entre o estômago e o pulmão. Nunca ouviu falar em débito automático.
Tive que dar a bunda para ter uma religação urgente, o que foi de tudo a parte mais gostosa.

quinta-feira







ah meu coração...

terça-feira

engolida “autofagicamente” pela velocidade do tempo, meu físico que pegava fogo, ardia, tamanha a atmosfera de súbita liberdade




"Olhei com toda a gana para o fundo de seus olhos e vi que eu podia mais uma vez dentro deles navegar. Talvez eu nunca tivesse experimentado antes uma tal confiança dentro dos olhos de alguém. Eu sabia que em sua órbita eu não me perderia. Se alguma coisa ocorresse comigo ele viria de dentro dele e me salvaria. (...) Eu estava ali completamente imerso em seus olhos. (..) No desenho das órbitas eu como que dançava. Por instantes eu como que nadava em espirais submarinas. Ao vir à tona dos abismos, minha pele mostrava-se coberto de um olho azeitonado. Eu estava impregnado da massa do homem no limiar da nova vida, essa massa que nos tornava um outro, talvez um terceiro sujeito entre mim próprio e ele." (p. 155)
A máquina de ser - João Gilberto Noll







"Quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde."
Nietzsche
veio como uma mão invisível me adentrando as carnes do peito, abrindo espaço com os dedos na ferida, para logo esmagar com delicadeza brutal o coração, como se ele não valesse à pena, como um fruto caído.. e ainda assim minha danação é minha salvação, e ainda assim meu ódio flertando com minha ternura. um flerte fatal. meu amor é devastação, o nosso. existe uma força invisível entre nossos olhos, entre nossos corpos, amarrada na alma. que os outros não vêem, não entendem. como um segredo, uma coroa de espinhos.
vou andar por todas essas calçadas, como uma espécie marginal de quieto animal da esquina, quieto e abrasado. coroado.

quinta-feira

Com o suor gelado do corpo, que insiste na angustia.. todo dia me agarro com o desespero da razão no invisível.

terça-feira


não pulso, petrifico. eu queria uma Tardis e não voltar mais pra esse ar sujo. eu queria as estrelas e um coração zero quilômetro. de pedra e dinamite.

Insónia dos decepcionados. Vertente, eu não sinto nada. Me espanto, e nada de sentir no meu peito de dois corações. Tenho alguma coisa no sangue, uma célula antiga e vertiginosa, que gira, que corre na sombra e perturba o espírito. Não é de enlace. É flama e arde em silêncio. Eu sou uma Pandora. Agridoce, com os dedos cravados na tua mediocridade.

sexta-feira

Abri ao acaso meu Gide: “Nathanael, não acredito mais no pecado.”

terça-feira

A esperança, essa puta. Que me desconcentra. Essa vaca virtuosa travestida de verde [...] me arremessa no improvável. E me galopa o peito, dando ainda de mim o renegado, o proibido. Batendo mil vezes a minha cara de tédio no teu músculo vermelho escuro. Estou nesse lugar vago entre. Esse lugar vago entre o momento e o eterno. Esse lugar vago onde a palavra inflama.

quarta-feira

eu sei. que to com o saldo negativo. que deixei faltar pra vocês, que virei as costas e nem ofereci a bunda. que te privei minha cara, da minha canalhice, da minha nada modesta infâmia.
prometo resplandecer crapulosa..

terça-feira

[Vamos lá. Radovan Karadzic, ou Dragan Dabic, deve freqüentar um nível espiritual mais elevado que o meu. Ele e a maioria de bruxinhas franqueadas e picaretas que devem IPTU e que são vegetarianos, e que, por um lado, inspiram e expiram (e suspiram) na hora de poupar porcos, vacas, aves e peixes e que, por outro, não estão nem aí na hora de massacrar bípedes muçulmanos da mesma espécie. Não deixa de ser curioso. A sentença dessa gente espiritualizada é a evolução. E, com uma ou outra variante, quem lê Dostoiévski e freqüenta churrascarias precisa ser descartado da face de Gaia ou “aprimorar-se enquanto ser humano”. Um longo caminho evolutivo que começa – segundo esses iluminados – por uma reeducação alimentar... depois vem ioga, feng-shui... e suruba com a sua mulher.

Gaia, né? Tô sabendo.

Radovan Karadzic é acusado pela morte de 8 mil mulçumanos em Srebrenica. Também é responsabilizado pelo cerco de 43 meses a Sarajevo, no qual mais de 11 mil pessoas morreram em decorrência da violência e de fome. Karadzic é um sensitivo. Do tipo evoluído que consome alfajores de soja e usa chapéu panamá; muito provável que ele também seja chegado num incenso fedorento. Porque eu, que adoro uma rabada, é que não suporto o cheiro dessas fumacinhas. Se a intenção é afastar coisas ruins, comigo funciona. Onde tem incenso, eu dou o pinote. Devo mesmo ser uma peste: “Oh, que nojo! Você come cadáver?!”

Sim, um porquinho todo sábado, e adoro roer os ossos chamuscados de uma chuleta. Mesmo porque seria impossível mastigar um boi se ele estivesse vivo. Mas asseguro que no meu cardápio – diferente do menu de Dragan Dabic – não entra acém de muçulmano.
Rita Lee (ou seria o Serguei?) – que é engajada no vegetarianismo, e acha que os consumidores de lombinho de porco deviam queimar nos quintos dos infernos – deve simpatizar com as idéias do carniceiro de Belgrado.

Dragan Dabic escrevia numa revista chamada Zdrav Zivot (Vida saudável). Vejam só os ensinamentos do mestre: “Ainda que não possamos mudar intencionalmente as funções autônomas do nosso corpo, podemos influenciá-las indiretamente através dos itens que introduzimos no nosso corpo, como comida, bebida, cenas, sons ou aromas. Mas a maior influência sobre os acontecimentos dentro do nosso corpo são nossos pensamentos e sentimentos. Se algum dos artefatos acima mencionados é ruim, os processos da vida dentro de nós serão também ruins”.

“Os itens que introduzimos em nossos corpos” – eis as palavras de Dragan Dabic, o guru. Fico pensando. Mais de 20 mil mulheres bósnias foram estupradas: que “itens” será que os milicianos de Karadzic “introduziram” no corpo dessas mulheres? Creio que a velha roqueira assinaria embaixo do pensamento iluminado do carniceiro de Belgrado. O que são 20 mil mulheres estupradas diante da dignidade das alfaces e mandioquinhas hidropônicas? Imaginem o bafo de aviário da roqueira... o bafo de morte inspirado lá das profundezas do seu espírito evoluído. Dá medo.

Antes de continuar, quero deixar bem claro que a aproximação que faço da roqueira brasileira com Karadzic – evidentemente – não tem o menor cabimento, é um exagero propositado. Talvez até atinja a mesma proporção do monte de merda que ouvi dessa gente alternativa nos últimos anos. Eu sempre desconfiei deles. E agora esse Karadzic me aparece falando em meditação, em experiências extra-sensoriais? O nome da revista que ele escrevia, repito: “Vida Saudável”. Além de genocida e terapeuta holístico, debochado.

Isso tudo me remeteu a bicho-grilice de Visconde de Mauá. Senti calafrios na espinha só de pensar naquelas cachoeiras e nas “comunidades” que existem por lá. Quem me garante que por trás de papais noéis bonachões e batas insuspeitas, além da patrulha e da cagação de regras típicas, não se escondem assassinos da pior espécie, degenerados disfarçados de pacifistas? Inspire, expire, interaja, ame e dê vexame, e depois estupre as mulheres perfumadas e elimine essa gente que freqüenta espetos corridos.

Bem, agora vou falar umas coisas que irão chocar muita gente. Não estou me agüentando, peguei no embalo, entendem?

Seguinte. Para mim, os irmãos Gasparetto recebem os espíritos por via anal e, se o Chico Xavier fosse mesmo um santo, não teria passado a vida inteira usando aquela peruca ridícula. Tem mais. Não acredito em beatos e iluminados que respiram o mesmo ar poluído que eu respiro. Isso aqui, aliás, a tal de Gaia, não é lugar para esse tipo de excentricidade. Vai ser santo depois de morto, e não me encha o saco. Não acredito em mulheres com sovaco peludo, espaços alternativos, elfos, sílfides (que são as fêmeas dos silfos, ou gênios do ar) e feng-shui. Também desconfio dos poetas – especialmente daqueles que perguntam: “Gosta de poesia?”

Até que gosto, meu problema é com os poetas. Odeio, odeio poetas. Teve uma época, na minha pré-adolescência, em que eu gostava da Rita Lee. Um amigo meu e escritor, o Nilo Oliveira, esclareceu-me a situação: “Quando a gente tem 12 anos”, disse, “até o Caetano Veloso é um gênio”.

Isso sem falar nos mapas astrais & origamis, nos malditos chacras, no I-Ching e na confusão que esses naturebas fazem com budismo, alfafa, hinduísmo ou qualquer coisa que dá barato e não tem pé nem cabeça. Desconfie quando a Regina Casé citar um pensamento do Dalai Lama, saia de perto quando a Rita Lee estiver de cócoras, decerto ela vai soltar algum presságio depois do peido.

Essa gente é constrangedora. Tem uns que nem disfarçam; organizam-se em ONGs, feirinhas desencanadas e embalam o tal do tai chi chuan... na frente das crianças! Sou a favor – nesses casos e no caso de esfihas de frango – do porte de arma, meu espírito é de porco com ascendente na casa do chapéu. Aliás, para fazer previsões, não preciso de runas, nem bola de cristal. Alguém duvida? Então aqui vai: num futuro não muito distante, as churrascarias vão ser lacradas como foram os bingos, e os consumidores de cupim serão perseguidos e execrados como se fossem... vejam só... fumantes. E os camelôs venderão células-tronco na Pça. da República. Assim, as lésbicas finalmente se transformarão em travestis passivos, com direito a um pinto e a duas bolas penduradas no saco.

E a história de São Cipriano? Alguém conhece? Seguinte. O sujeito passou a vida inteira fazendo lobby para o capeta. Um dia, porém, as ofertas do maligno não corresponderam às demandas de sua insensatez. Ou seja, o diabo não deu conta do recado. Aí Cipriano virou casaca e trocou de senhor. Simples, né? O que era macumba virou milagre. Troca de interesses. Quem tiver curiosidade e quiser dar umas risadas, basta dar uma olhada no Grande livro de capa e aço. Tem uma receita que Paracelso dá para criar homúnculos a partir de cocô de gato. Uma boa dica para a dona de casa apimentar seu relacionamento, junto com a dança do ventre.

Hoje, Cipriano é santo da igreja católica com todos os alvarás e certidões negativas. O tipo da coisa (o câmbio) que serve para tudo nessa vida, desde a mulata bilíngue que se oferece no calçadão da boate Help em Copacabana (o maior puteiro a céu aberto da América Latina que está ameaçado de extinção... querem colocar um museu de arte contemporânea no lugar, isto é, trocar seis por meia dúzia) até o pobre coitado vítima de sua caridade. Vale dizer: a paisagem é a mesma. A esmola é a mesma. A canalhice e a santidade andam de mãos dadas.

Espero que Karadzic pague pelos seus crimes, e nunca é demais lembrar que Hitler e Jesus Cristo (que sempre andou, e continua andando pessimamente acompanhado, “amém, irmão”?) também eram vegetarianos. Ainda bem que Rita Lee e Fernanda Young saíram do “Saia Justa”. Isso me faz acreditar que Deus existe. Axé e picanha mal passada para vocês.]

Marcelo Mirisola

sexta-feira

resumindo:

o amor é uma bela bosta, mas todo mundo quer comer.

quinta-feira

Quero que seja livre em mim, não de mim.

"Mato por amor, mas não mato o amor.

Prefiro estar perturbado por um amor ao invés de seguro, calmo e salvo fora dele. Amor resolvido ou não, pouco importa. Que eu perca a cabeça, o saldo, a casa, os gostos. Perder é prova de que ainda tenho algo.

Um amor com nó de balanço, nó de pião, nó de barco, nó de cadarço, que cruze as cordas como pernas excitadas. Que seja um amor inacabado, quebrado, ferrado, com nó cego de uma forca, desde que aperte bem forte para não soltar. Um amor rápido como um infarto, sem sinal-da-cruz. Um amor que desafie a sabedoria que vem depois da morte. Um amor burro que dependa apenas de um quarto para se cumprir. Um amor que não tire os sapatos para deitar. Um amor sofreguidão e gozo. Um amor hesitação irritante entre beijos. Um amor que não dá trégua para voltar atrás. Um amor que não oferece chance para ir à frente. Um amor que fica no mesmo lugar, que não traz sorte e azar, traz o desespero de ser amado um pouco mais.

Amar é mais importante do que viver. Viver pode vir depois.

Amor dói e me mobiliza, me desperdiça a encontrar o que não procurei. Eu me sinto melhor no mais fodido amor do que se estivesse pleno de saúde e reconhecimento. Sinto que dependo de alguém, e não somente de mim. A miséria do amor é um luxo.

Mesmo na separação, o amor diminui o espaço entre os dedos e afiança o olhar para mais longe. Qualquer lugar é passível de uma aparição, de um reencontro, da tremedeira dos joelhos, como se fossem autônomos e independentes do resto do corpo e rezassem para um Deus prestes a surgir.

Repara-se nas pessoas ao lado a adivinhar se alguma delas experimenta o mesmo torpor silencioso de mastigar as palavras e não digeri-las ou cuspi-las. O amante está sempre com uma palavra na boca, lapidada, aperfeiçoada, repensada, reescrita, que não sairá para passear com o mar. Não sairá numa confidência. Ficará como semente de uva, pequena demais para ser colhida do chão, mas de aspereza reconhecível para uma língua com sede.

O amor é infantil. Uma alegria de se entornar pela casa e se despreocupar com a arrumação. Ser adulto estafa, a recolher os brinquedos escondidos na areia sem ao menos ter brincado. O amor é insuportavelmente tolo. Quem não é tolo não permite carícias.

O amor não cansa de caminhar como a luz, não cansa de barulho como a chuva, não cansa de repetir as lembranças como o fogo.

Morro por amor, mas não morro o amor."

Fabrício Carpinejar

segunda-feira

"Digamos que um dia você percebesse que o seu único grande amor era uma falácia, um arrepio sem razão. Digamos que você percebesse que 40% de álcool apenas te garantia emoção concentrada como Sopa Knorr, envergorihada, arriscando o telefonema internacional que dá margem a suores contrariando o I Ching que manda que eu me cale, ou diga pouco, ou pelo menos respeite esse silêncio."

sexta-feira

Cassilda!

Eu queria uma estrada vazia, uma moto Harley, uma música dos Rolling Stones ou do Iggy Pop, e uns arbustos lisergicamente coloridos de paisagem. Meu coração é um moinho.

segunda-feira

Gambá Atucanado!

Família Büneker em ação, cantarolando meigamente o bom e velho rock and roll na garagem de alguma tia, em edição visivelmente psicodélica, lhes apresento Gambá Atucanado!

quinta-feira

Comm’e bella la signora!

Faz tanto tempo que eu não escrevo. Um bilhete, uma frase qualquer no papel. Nem sei como começar. Folhas em branco me oprimem, tenho a sensação de que elas são sagradas, limpas, puras e blábláblá, e seria muita heresia da minha parte bolinar o papel com minha caneta profana (..)
O que eu queria mesmo era um contato menos intelectual e mais carnal com você, e pensando mais ‘profundamente’, o carnal nunca deixou de ser intelectual. E vice-versa.
A verdade é que eu me perco aqui. Perco a linha e fico parecendo uma imbecil cheia de purpurina e falso pudor. E pudor é o que lá no fundo me falta nas horas vagas. Nas horas em que quero burlar você (gosto do jeito dessa palavra). Não me importo mais com o que isso possa parecer. É a minha demonstração de romance, o Desaforo.
Eu sou uma pessoa trancada em três linhas, mas sei beijar e trepar muito bem. E as pessoas que me felicitam são as que menos me compreendem.
Me mande beijos da próxima vez.

sexta-feira

to aqui pensando por que eu gosto tanto de viver: não sei.

segunda-feira

Esse blogue acabou. The end.
Não que eu vá parar de escrever, mas aqui nunca mais. Provavelmente vou criar outro. Não me perguntem causa razão e motivo.
Aqui eu não consigo mais. Quebrou. Até.

quarta-feira

TRAVESSA DOS GATOS

à memória de.

Para quê mais versos?
O poema está feito, cabe
inteiro nestas sílabas de pedra
onde gostei tanto de magoar os pés.

Correm ao sol de Fevereiro
– pretos, quase brancos
e malhados – os príncipes
desta terra, os únicos.

Não te atrevas a segui-los, dona morte.

sexta-feira

cortei meu cabelo, agora pareço uma emo que não gosta de parecer emo. complicado. eu to lotada de trabalho. cansada. só tenho talento pra moleza. me empolguei com essa história de mais uma tatuagem, pensei em um poema inteiro nas minhas costas gordas. não quero parecer alguém assim tão descolada. tenho preguiça de impressionar. já tenho uma boa fama de que não me interesso pelas pessoas. eu gosto dessa fama, é tudo verdade. só to te dizendo essas coisas porque eu não tenho nada melhor pra dizer. to com pena da Donatela. a Donatela da novela das 8. mas to torcendo pra Flora.

quinta-feira

"E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão trêmulo
E sutil, de mim se escape."

Emily Dickinson

sexta-feira



Regras de Etiqueta para Gatos Inexperientes



1) Se você tiver que vomitar, pule rapidamente no sofá. Se o sofá estiver longe demais, procure um bom tapete.


2) Determine logo qual é a visita que detesta gatos, e sente no colo dela durante toda a noitada. Ela não terá coragem de empurrá-lo para o chão, e pode ser até que venha a dizer "Gatinho bonito!". Se você estiver com bafo de comida de gato, melhor ainda.


3) Para sentar no colo ou se esfregar em perna de gente usando calça comprida, escolha, de preferência, cores contrastantes com as suas.


4) Acompanhe, sempre, as visitas que vão ao banheiro. Não é necessário fazer nada. Basta sentar e ficar olhando.


5) Trate as visitas que digam "Adoro gatos!" com total desprezo, e esteja pronto a unhar suas meias ou, eventualmente, morder seus calcanhares.


6) Não permita portas fechadas em comodo algum. Para abrir uma porta, apóie-se nas patas traseiras e bata nela com toda força que tiver nas dianteiras. Quando a porta for finalmente aberta para você, não é necessário usá-la; você pode mudar de idéia tranqüilamente. Quando você ordenar a abertura de uma porta que dê para fora, pare exatamente no meio do caminho, entre a porta e o vão, e aproveita para pensar sobre diversas coisas. Isso é particularmente importante em noites muito frias, e em épocas de mosquitos.


7) Se uma pessoa estiver ocupada e outra à toa, fique com a ocupada. Se alguém estiver lendo, chegue bem perto, e dê um jeitinho de meter o focinho entre o livro e a cara da pessoa. Desconsidere isso em casos de leitores que abrem livros ou jornais em cima da mesa; aí, basta deitar em cima do que estiver sendo lido.


8) Se algum dia encontrar uma senhora tricotando, suba no colo dela e deite. Derepente, estique a pata e, como quem não quer nada, dê um bom tranco nas agulhas. Observe os acontecimentos: isso se chama perder o fio da meada, e a senhora tentará atrair sua atenção para outras partes da casa. Ignore-a.


9) Quando encontrar alguém fazendo o dever de casa, sente-se na folha de papel que estiver sendo trabalhada. Depois de ter sido removido de lá pela terceira vez, vá para outro canto da mesa e empurre tudo que se mexa: lápis, cola, tesoura e o que mais houver.


10) Durma bem durante o dia para estar novo em folha, e pronto para brincadeiras entre 2 e 4 horas da manhã. Se seu humano trabalhar durante a noite, modifique seus hábitos de sono para poder estar com a corda toda entre as 10h e o meio-dia.

quinta-feira

Madrugada
Azul, sem luz
Dias de brinquedo
Linda assim me veio
E eu me entreguei,
Inocentemente
Como um selvagem
Como o brilho esperto
Dos olhos de um cão
Amor, amor
Diz que pode, depois morde
Pelas costas sem querer
Amor, amor
Assim como um leão caçando o medo
Meu caminho nesse mundo, eu sei
Vai ter um brilho incerto e louco
Dos que nunca perdem pouco
Nunca levam pouco
Mas se um dia eu me der bem
Vai ser sem jogo
Amor, amor
Fiel me trai, me azeda
Me adoça e me faz viver.
Amor, amor
Eu quero só paixão
Fogo e segredo.

quarta-feira

Sonhei que meu pai me levava de volta ao internato, eu não quis. Acordei com medo, com severa e atemporal serenidade. Pensei em escrever cartas e inventar endereços. Pensei no carinho que tenho por mim. Me devolvo ao resto dos meus dias, e com habilidade de malabarista controlo o caos. Assim eu me fixo, e ninguém mais que eu me tira.

terça-feira

De quando eu seguia as formigas, com a fuça afundada na grama, e me frustrava que não podia entrar na terra com elas. Em polaroid eu vejo uns pedaços de mim, de infância vivida e esquecida. De coração do lado de fora. Eu me mistifico com auto-regressão.

sexta-feira

Sobre o vazio(...)
De quando voce estafa de ser machucado. De graça.
Das coisas que voce engole pra se manter. Inércia.
Do cuidado, de todo o cuidado. Mazelas. Que todo mundo chama de amor.

quarta-feira

como um cigarro que queima e estala, arde até o final, que voce joga no chão e pisa e desmerece, sempre com requinte
vivo uma morte lenta ...

sexta-feira

O zíper da calça quebrou às 7 horas da manhã, de um jeito que nem durepox conserta. Lá pelo meio-dia virei um copo de coca-cola na camiseta branca, minha, no caso. 15 horas pontualmente levei uns petelecos certeiros pra coração parar, nem parou. Também odeio o Ed Motta. Daqui pra frente, tudo o que eu fizer vai ser feito deliberadamente em vão.
Uma inhaca, espírito de porco.

quarta-feira

' Vocês sabiam que "a evolução dos genes ligados à audição pode estar vinculada ao desenvolvimento da linguagem, uma das características que separam o homem dos animais"? Isto é, se até os doze anos o sujeito ouvir muito o Caetano Veloso cantando Paloma - no futuro e dependendo dos alvarás do Gil - ele, o sujeito, além de não comprometer 100% sua metade chimpanzé, também poderá ler a saga inteira do Harry Potter e recomendá-la efusivamente aos amiguinhos de happy hour. A evolução da espécie não é mesmo fabulosa? '


Um dia me perguntaram "pra que time você torce?" Torço pro futebol acabar...

realmente.

segunda-feira

sexta-feira

Bom, eu queria convidar todo mundo pra ir na Astronete amanhã, vai ter festa de aniversário do meu melhor amiguinho Ronzi, vai ter até cabra-cega! Ano passado, eu dei um 'perdido' no garoto e não fui, por maldade mesmo, e esse ano será a grande redenção, a começar aqui pelo blog, em rede mundial, eu retiro minhas calúnias, não gente - ele não é viado, aquelas coisas aconteceram quando ele era adolescente e hoje ele é um rapaz super-bem-resolvido-sechualmente. Pra você que é russo, pra você que é coreano ou xexeno, corre amigo que ainda dá tempo, vai comprar o bilhete do trem porque a festa vai ser supimpa! To super hostess hoje!



segunda-feira

Sim! Na minha adolescência eu era muitorockandroll, depois de grande fiquei meio fresca. AC/DC & Rolling Stones & Led Zeppelin, & o diabo a quatro. Mas, quando conheci o amor, aviadei. Ta tudo lá guardado, ta tudo aqui guardado, no meio da pane que é minha memória. No meio desse grande curto-circuito que é minha vida. Deu saudade anêmica.


terça-feira

“Ontem de manhã, descobri que me enganaram. Eu – quer dizer, até ontem de manhã – tinha a mania de repartir o cabelo para o lado esquerdo. Às vezes me apaixonava por donas de casa e vislumbrava um futuro de churrascarias caríssimas aos domingos. Não cogitava em chupar cus. Daí a importância do episódio do poço: joguei meu primeiro cadáver lá dentro: eu mesmo. Isso chega a ser óbvio. Do mesmo jeito – óbvio, como o desejo do suicídio – a gente também tem que saber morrer e tem que saber se matar e enterrar a si mesmo e, sobretudo, matar e enterrar a quem mais se amou (mesmo que esse amor tenha sido reconhecidamente um furioso equívoco): amor por demais; portanto vivido, enganado e matado, nunca morto demais.”


Marcelo Mirisola, 'Azul do filho morto'
(e eu me sinto, de repente, com 173 páginas estranhas no rosto)
e agora só enxergo através delas.

sexta-feira

quinta-feira

Vou meter. Vou me meter em alguma coisa, crochê, costura, putaria das grandes. Vou abrir com as sete chaves seja lá o que for que ainda esteja trancado. Todo sábado de manhã aula de dança tcheca e suco natural. Que indecência. Que tolerância. Tô de parabéns. Tô de pára-quedas. Tem que saber a hora de parar um texto, tem que saber a hora de tirar a garota pra dançar, tem que saber a hora toda hora.

Como diz Bataille: "é preciso ser Deus para morrer".
- olha bem pra você.

sexta-feira



A MORTE DE SYLVIA

para Sylvia Plath





Ó Sylvia, Sylvia,

com um féretro de pedras e colheres,

com dois filhos, dois meteoros

vagando livres numa pequena sala de jogos
com a tua boca contra o lençol,

na viga do teto, na silenciosa prece


(Sylvia, Sylvia para onde foste depois da tua carta de Devonshire sobre cultivar batatas e criar abelhas?)
por que causa te ergueste, e como precisamente te afundaste?
Ladra

– como se rastejou


rastejou sozinha

para a morte que eu queria tanto, e há tanto tempo,


a morte que ambas dizíamos ter vencido,

a mesma que carregamos em nossos peitos mirrados,


a mesma que conversávamos frequentemente,

que emborcávamos três dos mais secos martinis de Boston,
a morte que falava de analistas e de curas,

a morte que falava como noivas entre tramas,

a morte que nós bebíamos,

os motivos, e a taciturna realidade?


(Em Boston os moribundos viajam em táxis, sim outra vez a morte, viaja para casa com nossa criança.)


Ó Sylvia, lembro do sonolento baterista

que batia em nossos olhos com uma velha história,


como queríamos deixá-lo vir

como um sádico ou uma fada de Nova Iorque
para fazer seu trabalho,

uma necessidade, uma janela numa parede ou num berço,


e desde então ele esperou,

sob nossos corações, nossas despensas,


e vejo agora que,

ano após ano, velhos suicídios


e sinto ante a notícia da tua morte

um horrível sabor, como sal,


(E eu,

eu também.

E agora, Sylvia, tu outra vez com a morte outra vez,

viaja pra casa

com nossa criança.)


e digo apenas,

estendendo os braços para esse lugar de pedra,


o que é a tua morte,

senão uma antiga possessão,


uma verruga que caiu

de um dos teus poemas?


(Ó amiga, enquanto a lua é má, e o rei parte, e a rainha perde a razão, o bêbado deve cantar!)


Ó mãezinha,

também tu!

Ó estranha duquesa!

Ó coisa loira!


Anne Sexton, 17 de Fevereiro de 1963

quarta-feira

Isso é um texto magoado, manchado, sujo. Esperando dias pra sair da melhor maneira possível, mas como vem de mim, não existe ‘melhor maneira possível’. Por que eu sou um eterno probleminha, sempre na beirada de virar um problemão. Sempre no extremo do estorvo, culpa das minhas psicoses (Já é um drama eu estar falando disso, é um drama eu pensar em falar disso, outro drama o jeito como eu coloco os meus próprios dramas. Uma chatice para qualquer bloco de gelo). Sabe, eu odeio. E me sinto culpada por odiar. Por que eu deveria de ser bem mais zen, light, diet, descolada de mente aberta, mística de bons fluídos. Mas sim, a tua touca vermelha me irrita, a tua falta de tudo me irrita, mesmo estudando na melhor universidade do país, na dignidade de ser letrado, meu deus você escreve inhaí! Péssimo. Você que segue a tendência. Você, que ta sempre certo. Um plágio mal feito. Um livro pela capa, milhões de livros pela capa. Toda a tua história em três segundos. Péssima pose de cool, mostrar o que não é. Toda essa tua indiferença, mata qualquer ser-vivo, e junto com ele todas as coisas boas. Péssimo criar um perfil, quantos perfis na internet você é na vida? Vocês são todas essas propagandas da TV. Vocês são uma rua suja de panfletos. Você é todo mundo, sem rosto. Sim, minha intenção é colocar os bofes pra fora sem grandes compromissos com a boa política da educação. Minha intenção é cortar todos vocês no meio, pra dar mais cor à minha fama de psicótica e infeliz. Eu quero inventar uma historinha pra me disfarçar. Todos os meus mil defeitos, perversos defeitos. O meu ciúme, a minha loucura. Os meus olhos azuis não são um rótulo, são realmente azuis. Eles não são um prêmio, doem na claridade. A minha vida toda até agora, que vocês imaginam que conhecem. Todas as vezes que você me subestimou. Eu quero vomitar tudo. Eu quero sacudir pra me livrar da poeira. Eu quero voltar a escrever qualquer besteira. Eu quero que as pessoas que me cruzam na rua se fodam, é pra elas que eu escrevo. Eu não quero mais adivinhar. Eu quero engolir essa raiva do mundo como um bolo de pêlos. Eu queria sempre o mesmo rosto. Não é você, é todo mundo. Sou eu.
Passou. Vou ajeitar os ponteiros do relógio que eu ganhei.
Tudo vai bem – grita O Deus com sua voz penetrante como ferrugem de três mil anos.

segunda-feira

"Ao modo de Chico Alvim..."

Você já reparou nos olhos dela?

São assim
de cigana oblíqua
e dissimulada

Já reparou pra onde ela caminha?
Como ela dobra o joelho em cada passo descompasso
Suspira?

Já reparou que ela vem afoita em passes de break ?
é na minha direção, rente nos meus olhos

na linha do meu queixo
Já reparou?

Já percebeu que a poesia muda?
Muda, as vezes não diz nada.

quinta-feira

Quero te falar do meu amor louco sem uma palavra.
Como todos os olhares de ternura que a gente ainda vai trocar. No almoço, na cama, no parque, no cinema...na vida.

terça-feira

Acho que perdi o jeito, esse espaço em branco na minha frente e um medo indescritível de preenchê-lo. A garganta em nó, o peito em nó, as mãos suadas de quem é consumido aos poucos, como Prometeu e seus 30 mil anos acorrentado em si mesmo, e o abutre como um santo, todos os dias lhe comia o fígado ...esperança e castigo.
Hoje de manhã com a boca cheia de creme dental, me vendo no espelho eu pensei: quando foi que me engoli, que não percebi? Me achei tão linda e interessante, dei um preço alto pra cada traço, pra cada vírgula que eu carrego comigo, para o amor que eu ainda tenho dentro de mim, e sorri sacana de canto, porque isso ninguém pode ter, ninguém pode tirar. Caminhei até o ponto de ônibus inatingível ouvindo Rolling Stones, olhei bem para todas as pessoas, eu queria identificar, eu queria que elas me dissessem alguma coisa, algum segredo, algum pecado ...algum amor, eu queria que elas ouvissem a minha música. Eu queria ser imortal como Prometeu acorrentado. Não sei mais se quero me mostrar.

segunda-feira

LADY LAZARUS



Tentei outra vez.
Um ano em cada dez
Eu dou um jeito —

Um tipo de milagre ambulante, minha pele
Brilha feito abajur nazista,
Meu pé direito

Peso de papel,
Meu rosto inexpressivo, fino
Linho judeu.

Dispa o pano
Oh, meu inimigo.
Eu te aterrorizo?

O nariz, as covas dos olhos, a dentadura toda?
O hálito amargo
Desaparece num dia.

Em muito breve a carne
Que a caverna carcomeu vai estar
Em casa, em mim.

E eu uma mulher sempre sorrindo.
Tenho apenas trinta anos.
E como o gato, nove vidas para morrer.

Esta é a Número Três.
Que besteira
Aniquilar-se a cada década.

Um milhão de filamentos.
A multidão, comendo amendoim,
Se aglomera para ver

Desenfaixarem minhas mãos e pés —
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher.
Tinha dez anos na primeira vez.
Foi acidente.

Na segunda quis
Ir até o fim e nunca mais voltar.
Oscilei, fechada

Como uma concha do mar.
Tiveram que chamar e chamar
E tirar os vermes de mim como pérolas grudentas.

Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Nisso sou excepcional.

Desse jeito faço parecer infernal.
Desse jeito faço parecer real.
Vão dizer que tenho vocação.

E muito fácil fazer isso numa cela.
É muito fácil fazer isso e ficar nela.
É o teatral

Regresso em plena luz do sol
Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao mesmo grito
Aflito e brutal:

"Milagre!"
Que me deixa mal.
Há um preço

Para olhar minhas cicatrizes, há um preço
Para ouvir meu coração —
Ele bate, afinal.

E há um preço, um preço muito alto
Para cada palavra ou cada toque
Ou mancha de sangue

Ou um pedaço de meu cabelo ou de minhas roupas.
E aí, Herr Doktor.
E aí, Herr Inimigo.

Sou sua obra-prima,
Sou seu tesouro,
O bebê de ouro puro

Que se funde num grito.
Me viro e carbonizo.
Não pense que subestimo sua grande preocupação.

Cinza, cinza —
Você fuça e atiça.
Carne, osso, não há mais nada ali —

Barra de sabão,
Anel de casamento,
Obturação de ouro.

Herr Deus, Herr Lúcifer
Cuidado.
Cuidado.

Saída das cinzas
Me levanto com meu cabelo ruivo
E devoro homens como ar.

sexta-feira

Conto erótico:

- Abocanhada!
menina é um doce te amar...

quarta-feira

Minhas moléculas em desespero, uma fodendo a outra.
Em dias férteis me sinto moralmente inferior.

(Só penso no enlace quente das tuas pernas, e nas serpentes que se transformam os teus cachos)

quinta-feira

History

..................... ........... Foto: Thaís Verônica Lima


" How does one raise a finger, to save a suicide? "

terça-feira

Arame-farpado disfarçado de flor.

quarta-feira







"Esteja alerta para a regra dos 3

O que você dá, retornará para você

Essa lição você tem que aprender

Você só ganha o que você merece"

quinta-feira

Sem maquiavélicos sentimentos não escrevo, quando a vida ta assim boazinha e tudo numa calmaria quase assustadora, não rendo meia vírgula. E to ferrada porque não sei inventar histórias, minha escrita sobrevive apenas das minhas próprias experiências, como um semi-relato fantasiado, de realismo fantástico. E aí me diz, vou falar do que? Da bunda dela? Não, isso seria muita propaganda e vanglorismo..
- Vou falar que estou com idéias de decoração incríveis...ha. Sim, eu também sou do lar, apesar de levar duas horas para lavar uma mísera janela.
- Ontem ela me disse que descobriu o nome do filme: Sádica (ui)
- Sem falar que ela jura que lê os meus pensamentos, que eu não preciso verbalizar pra ela saber o que eu estou pensando. Namorada mística.
- Amiguinho me confidenciou safadezas: e meu caro, não desisto de você ser viado! Não esqueci das flores de Natal!
- Andei pensando que um cartão corporativo resolveria meus problemas.
- Larguei o besta do Henry Miller e voltei pro Kerouac, mais quente.
- Declarei, mas ela finge que esquece rápido: “ Até o meu embaraço te deseja, quem não vê?”
- Ela quer fazer mais sexo...
que eu diga palavrões
– e eu digo.
- Tenho sido uma doce babaca, perfil reservado para situações graves, posso ser várias coisas
- Acho que ela gosta.
- Não sei falar de mim, apesar de eu ser um tipo fácil de estranho. Me resumo. Eu sou a própria síntese.

Preciso aperfeiçoar minha maldade.

quarta-feira

Oi, to até com vergonha dessa minha cretina felicidade. Estou contente, com risinho entrecortado na cara, que eu só me imaginava tendo com a mega sena no bolso, de milionária veada que cospe nos outros na rua e ainda canta: ‘se quiser pode me processar’. Apesar de que me falta ambição e me sobra preguiça pra sacanear a carne alheia. Mas ninguém tem grande culpa dessa minha alegriazinha, nem a minha garota que geralmente é a responsável por meu coração pipocar por aí.
Eu não sei de onde veio. Eu não sou bipolar(?). há! Tem duas brahmas na geladeira. Sexta eu viajo. To pensando em que cor, na parede do meu quarto. To pensando ainda na morte, mas agora já com certa candura e conformidade. Todo dia eu lembro do jeito que a minha garota dorme abraçada em mim, que ela sempre me procura como se eu fosse o seu grande tesouro. Que eu ando saudável com a cara rosada. Que a mão da Clarinha sempre procura meu rosto, e que a Ana com todos os seus 3 anos sempre me olha de canto guardando ternura no bolso, junto com balas e brinquedos e B. Tem uma casa me esperando, e uma amiga também. Eu penso em livros e discos com essa mesma alegria. Penso no que eu sou e no que eu quero dividir com você. Penso em escrever, na minha diversão em ver que você me acha meio babaca. Penso que sou uma egoísta de grande estirpe. Penso em toda essa mistura e no que acontece depois. Que você me ama e eu amo você. Que eu acordei hoje com a preguiça de quem transou de madrugada, e com esse risinho lá do começo de tudo, riso sacana e tranqüilo.

terça-feira

Ai que..

Hoje me sinto despida, desprovida de maldade. Peladinha quase um anjo.
Fecha parênteses.

sexta-feira


sossegue coração

ainda não é agora

a confusão prossegue

sonhos afora

calma calma ... logo mais a gente goza

perto do osso

a carne é mais gostosa
leminski

quinta-feira

Sim eu sei, ta na hora de tirar a minha cara do meio do barro.
Prometo não tocar mais no assunto: você morreu seu filha da puta!
Não vai ser fácil excluir os assuntos mórbidos, até porque todo dia no meio do café da manhã já me nasce meigamente uma vontade louca de matar, uns três ou quatro. Eu poderia falar sobre as putinhas da augusta, eu poderia falar sobre todas as putinhas do universo, aliás, eu poderia fazer linda amizade com algumas, é tudo uma questão de prioridade. Mas relaxa, minha prioridade agora é outra coisa, essa coisa sou eu, sim porque eu sou só uma coisa, um estorvo auto-piedoso. Uma chata tentando colocar pra fora de si mesma essa tormenta, uma chata tentando falar. Uma imbecil que não queria mais cair nessa. Esqueci que é cada um por si!

quarta-feira

AMOR MORTO

Tu me disse antes morto do que lésbica! Agora você ta morto, e eu continuo lésbica.
Como é aí do outro lado? Por que aqui vô, eu to apodrecendo por dentro. Ficando louca, como ela me joga na cara.
Mas olha, relaxa e goza porque isso passa. Uma hora tem que passar, outra hora eu vou me fechar, em ferro de fivela.
Diz aí Dani, se pelo menos eu gostasse de mim o tanto quanto gosto de você...

quinta-feira

Encolhida

Todo dia eu lembro do dia que tu morreu. E esse foi um dia de agressão, porque não era só você morto ali, como fato de que as pessoas morrem, era mais, era a morte escancarada o dia todo, esfregada na cara, agressiva. E minha maior luta foi ter te velado e enterrado. Luta afiada, porque os cortes não param de sangrar há anos, desde a nossa primeira morte, a do teu filho. Porque a tua morte foi só conseqüência da morte do teu filho, e foi passado para nós, os mais novos, essa herança genética de dor, de lama no peito, de perda, e o teu coração arrebentou, como algo que se liberta, porque dentro existia uma coisa maior e mais forte do que ele próprio. E eu guardo abafado e dolorido no peito esse nó que me fulmina, herdado primeiro do teu filho, agora de você, de toda a tua vida. Mas eu não me conformo com a morte, com as tuas mãos cruzadas sobre a barriga, e no teu semblante que tentaram disfarçar de sereno, mas que na verdade me parecia aterrorizante, porque eu sei que até na tua Hora, foi a morte do teu filho que tu viveu.
E eu choro, todos os dias, tua morte tem muita vida, é presente como uma sombra, nos meus sonhos de você não-vivo, nos meus sonhos das minhas coisas boas em um caixão. E agora que não existem mais os teus olhos azuis que eu via chorar, agora, a tua viúva pode contar para os que têm o teu sangue e a tua dor, o quanto você foi fraco, egoísta e medíocre durante a vida, e eu via na minha infância tanta beleza sofrida por detrás do teu azul limpo, e você era uma espécie de herói. Deixou de ser.
E eu queria ouvir a tua voz só mais uma vez, eu queria ouvir a tua voz me dizer o que eu faço com essa coisa que herdei de você, eu queria te ouvir e te contar, já que dessa lama ninguém mais quer saber.

quarta-feira

LUTO.

terça-feira

Tarefa de hoje:

- resistir bravamente..

sexta-feira

quarta-feira

Não, eu não tenho nada a ver com os teus casos e descasos. Mas eu te conheço, pouco e o suficiente, porque eu me lembro de cada detalhe.
Mas o que verdadeiramente me incomoda em você, é essa tua trivialidade disfarçada de garota afetada.

tem mais texto aqui

domingo

"Mas mesmo eu, doente como sou, nunca seria você
Mesmo eu, doente como sou, nunca seria você
Mesmo eu, doente e depravado, com o pé na cova
Eu nunca seria você
Nunca seria você"

quinta-feira

Feliz Aniversário

É que eu faço questão de dizer o quanto você se demora em mim, em cada troca de olhares, em beijos e abraços, nesse encaixe perfeito das nossas mãos. E se demora porque me confundo, me perco no limite do corpo, já me sinto com você uma coisa só, uma vida só.. e dois vinhos corações
Tens sido todo esse eterno tempo o meu lar, a minha casa lá dentro dos teus olhos, como se eu tivesse existido de dentro de você, não como filha, mas como raiz, como fio indivisível, como laço de aço. Teus cachos.
Todos os meus caminhos me levam na mesma direção, minha grande busca do que já encontrei..
por isso nossas mãos dadas em todo lugar.
Todo dia amo você.

segunda-feira

Cedo da manhã eu farejo a carne fresca, úmida ainda de sono e de banho, os lábios macios com toda a vida dela ali concentrada, na boca densa. E eu me afogo no que ela oferece, e me misturo e roubo tudo dela, do que ela tem me aposso como se fosse a única coisa que eu pudesse fazer por nós,
Minhas mãos por debaixo da saia.. e ela já me olha com meu próprio rosto.
e sorri mistérios perdida..

quinta-feira

Querido e inexistente diário...

Sabe que quando a gente ama a gente supera tudo...
Não não não... começar essa coisa de novo. (Apesar de você saber que é bien verdad...)
Sabe que quando a gente ama a si mesmo, supera tudo (também)
Apesar de ter gente que não supera nada, não se supera, os mais conhecidos como ‘coitadinhos’ ou ‘cuzões’, que são infelizes consigo mesmo e geralmente colocam a culpa nos outros pela própria incapacidade, esses tendem ao drama ad infinitum: ‘eu sou cuzão e sofro por isso’.
Mas calma, eu não quero ser específica, to me referindo a mediana parcela da sociedade classificada como ‘cuzona’, ao certo um bando de cuzões! Na verdade mais que verdadeira, eu já fui cuzona! Só que eu não nasci assim, foi só uma fase tenebrósia (já ouviu falar de condição humana?), e aí, deixa eu te falar, deixei de ser cuzona quando percebi que eu, solamente eu, sou responsável pela minha felicidade, e veja só, pela minha infelicidade. Espero que isso não seja grande novidade pra você, mas achei que não custava nada lembrar!!!
Continuando na verdade verdadeira, nem era disso que eu queria falar. Eu ando trabalhando tanto que to muito fácil pra coisas práticas, nem para os meus dramas ta dando tempo, meu lirismo poético foi pro saco por enquanto. Só tem uma coisa que nunca muda, mas que não muda mesmo: meu amor pela amora. É justamente a chatice dessa garota, e esse jeito insuportável que ela têm, que me faz cair de amores e coraçõezinhos vermelhos por todo lado.
E eu só penso em manter a minha vidinha média em ordem, aquele lance de Paradigma da Complexidade, da ordem dentro do caos e vice-versa...
Eu quero mais é que o mundo seja feliz, inclusive os cuzões... Siiimmm!


Esclarecimentos:
E eu só escrevi essas coisas da 1º dimensão porque o meu modo alfa está temporariamente em off, mas logo mais eu volto pra vertigem....bloguiana!

terça-feira

Nada do que eu diga, não é mesmo.
Agora até o meu sorriso por teus olhos é discórdia. Meu amor já não vale...
Muito justo.

sexta-feira

então eu sou o teu reflexo

" Ora, Maria! O meu mundo é de temperaturas, tenções, fulgurações...
Eu nada tenho a ver com os sentimentos humanos!

Por que tu não és uma vaca, Maria? Por que?
Ficaria tudo mais simples e verdadeiro... "


Amanhã estranha fatalidade...
Nunca me foi grande coisa ter um número a mais, até porque, é sempre no mesmo dia...
.
Me presentearam com Mário Quintana, o velho e doce menino safado, hóspede de si mesmo...agora cochila no meu colo fingindo sereno


...e quando olho pra cima, doutor, me dá um bruto medo de cair do Céu!

quinta-feira

Eu ando tão bobalegremente que acabou-se o repertório de coisas interessantes pra mentir pra vocês. Eu poderia contar dos meus segredos, citar um ou outro nome e blá, ou falar de como eu sou sofredora, chorar e dizer que o safadinho do Jesus passou a cruz pra mim e se mandou com uma gostosa. Encarnar a Jenny e me mutilar as coxas, e depois escrever um livro auto-piedoso. Mas em vez disso eu gosto mais de encher o teu saco e dizer que a culpa é toda sua, caro interlocutor.
Onde eu tava mesmo?
Falando do meu lado esotérico, esse é o ano do Rato, no calendário Chinês, por destino, meu signo nesse tal de horóscopo é Rato, com ascendência em Cão. Ou seja, eu sou meio cadela e meio rata. E sinto misticamente que nesse ano vou conseguir TUDO, incluindo ganhar na mega-sena acumulada, passar na USP(dessa vez eu vou tentar e inclusive me inscrever), e completar minha coleção de figurinhas. Aliás, meigo interlocutor, se você quiser trocar figurinhas comigo...
Mas o que eu queria dizer mesmo?
O que eu tenho pra dizer é que hoje eu não tenho nada pra dizer, cacete! Também não tenho nada pra fazer, e tô aqui, coçando a sobrancelha, contando cabritas e apontando lápis.
Essa noite eu te pego pra uma trepadinha, vou dormir sem as roupas de baixo, na madrugada fria me virar pro teu lado da cama e te galantear com uma encoxada, dessas que as bundudas ganham no metrô e,
Deus, eu sequei e to achando bem mais divertido! Essa moda pega Bukoswski!!!

Pra você que também é mística, e safadinha: ...

quarta-feira

Mãe, eu quero uma coisa que eu não sei o Nome!

quinta-feira

Ontem eu fui na Cultura e acabei levando um livrinho de souvenir, ninguém mais do que o anjo solitário Kerouac pra fazer os meus olhinhos sádicos cintilarem, e já me falaram muito mal desse cara mas só ontem eu tive o atrevimento de me aproximar, e é como uma válvula de escape porque eu preciso direcionar meus pensamentos malignos para alguma coisa que me traga frutos, mesmo que eles sejam podres. Já que por maldição da minha família todo filho nasceu com um anjo solitário agarrado nos ombros. E sim, eu me sinto de um jeito que você nunca vai entender, e na verdade, nem te interessa entender, e também já não me interessa mais que você entenda, entendeu?! Por hora o que me interessa mesmo é o obscuro e louco mister Kerouac. Subterrâneos ele escreveu em três dias e três noites num rompante de inspiração, que eu gosto mais de chamar de “fluxo de consciência em prosa”, é uma espécie de autobiografia, sobre becos escuros, sobre amor e sobre a galerinha beat. E de becos escuros eu entendo, não sou nada mais e nada menos que um beco escuro auto-desconfiante, isso mesmo, eu duvido de mim mesma e ao mesmo tempo sou quase egomaníaca, como todo babaca mortal, e não seja imbecil de me tratar do jeito que eu mereço...
Mas falando sério agora, eu ando pensando coisas estranhas sobre você, da sua fascinante habilidade de transformar quem você ama em lixo. E ah, não me leve muito a sério, porque quando se está no olho do furacão, no grande torpor de sentimentos, a língua fica afiada pro bem e pro mal(apesar de eu não dizer uma palavra), queném espada de samurai, e se me escapar um “cala a boca agora e me chupa, minha querida puta”, você usa o nosso infalível cinismo de casal, e atende o pedido. Felizes para sempre.


Meigos e parcos telespectadores, essa bosta de texto é uma ficção, qualquer semelhança com suas vidas, é mera falta de vergonha na minha cara!

terça-feira

Eu sou o tipo tonta, que mostra tudo o que sente, sem delongas e sem grandes mistérios.
Eu sou um tipo fácil de dominar, fácil de magoar, fácil de ignorar... de escorregar.
Eu choro porque meu peito se desmancha em sal e transborda calmo pelos olhos. Não é drama, é fraqueza.
É coração aberto, enquanto todo mundo ta fechado.
No dia que me ver intocável, minha querida, meu coração já não é mais teu.

segunda-feira

Aquele livro na bolsa
o dia inteiro bliss ..

denso e exato
e continua lá, pretensioso
... guardando ela viva dentro dele
burns who touch
'Out of the ash
I rise with my read hair
And I eat men like air'


Olhar fixo e sorriso escondido, eu sou um dragão com os pés no paraíso.

sexta-feira

o anjo que registra II

(...) Beach Boy interrompeu-me:
- Eu quero que você saia daqui.
- Desapareça do meu banquete de amor.
- Não sou teu Sócrates,
E mais ainda, no entanto se recostava como quem convida ao elogio eu não enxergava mais nada, e ardia em mim uma frase informulada: “Prometera a ele não se ocupar mais com a política. Infelizmente, não sou cumprir o prometido”.
Para por término ao constrangimento, acabei por revidar com o próprio Plato:
“Comigo se dá o que acontece com os que são mordidos pela víbora: recusam-se, segundo dizem, a contar o que houve, exceto aos que também já foram mordidos”.


AnaC.

quarta-feira

tem aqui escrito uma terceira coisa

Cócegas literárias...