quarta-feira

' Vocês sabiam que "a evolução dos genes ligados à audição pode estar vinculada ao desenvolvimento da linguagem, uma das características que separam o homem dos animais"? Isto é, se até os doze anos o sujeito ouvir muito o Caetano Veloso cantando Paloma - no futuro e dependendo dos alvarás do Gil - ele, o sujeito, além de não comprometer 100% sua metade chimpanzé, também poderá ler a saga inteira do Harry Potter e recomendá-la efusivamente aos amiguinhos de happy hour. A evolução da espécie não é mesmo fabulosa? '


Um dia me perguntaram "pra que time você torce?" Torço pro futebol acabar...

realmente.

segunda-feira

sexta-feira

Bom, eu queria convidar todo mundo pra ir na Astronete amanhã, vai ter festa de aniversário do meu melhor amiguinho Ronzi, vai ter até cabra-cega! Ano passado, eu dei um 'perdido' no garoto e não fui, por maldade mesmo, e esse ano será a grande redenção, a começar aqui pelo blog, em rede mundial, eu retiro minhas calúnias, não gente - ele não é viado, aquelas coisas aconteceram quando ele era adolescente e hoje ele é um rapaz super-bem-resolvido-sechualmente. Pra você que é russo, pra você que é coreano ou xexeno, corre amigo que ainda dá tempo, vai comprar o bilhete do trem porque a festa vai ser supimpa! To super hostess hoje!



segunda-feira

Sim! Na minha adolescência eu era muitorockandroll, depois de grande fiquei meio fresca. AC/DC & Rolling Stones & Led Zeppelin, & o diabo a quatro. Mas, quando conheci o amor, aviadei. Ta tudo lá guardado, ta tudo aqui guardado, no meio da pane que é minha memória. No meio desse grande curto-circuito que é minha vida. Deu saudade anêmica.


terça-feira

“Ontem de manhã, descobri que me enganaram. Eu – quer dizer, até ontem de manhã – tinha a mania de repartir o cabelo para o lado esquerdo. Às vezes me apaixonava por donas de casa e vislumbrava um futuro de churrascarias caríssimas aos domingos. Não cogitava em chupar cus. Daí a importância do episódio do poço: joguei meu primeiro cadáver lá dentro: eu mesmo. Isso chega a ser óbvio. Do mesmo jeito – óbvio, como o desejo do suicídio – a gente também tem que saber morrer e tem que saber se matar e enterrar a si mesmo e, sobretudo, matar e enterrar a quem mais se amou (mesmo que esse amor tenha sido reconhecidamente um furioso equívoco): amor por demais; portanto vivido, enganado e matado, nunca morto demais.”


Marcelo Mirisola, 'Azul do filho morto'
(e eu me sinto, de repente, com 173 páginas estranhas no rosto)
e agora só enxergo através delas.

sexta-feira

quinta-feira

Vou meter. Vou me meter em alguma coisa, crochê, costura, putaria das grandes. Vou abrir com as sete chaves seja lá o que for que ainda esteja trancado. Todo sábado de manhã aula de dança tcheca e suco natural. Que indecência. Que tolerância. Tô de parabéns. Tô de pára-quedas. Tem que saber a hora de parar um texto, tem que saber a hora de tirar a garota pra dançar, tem que saber a hora toda hora.

Como diz Bataille: "é preciso ser Deus para morrer".
- olha bem pra você.

sexta-feira



A MORTE DE SYLVIA

para Sylvia Plath





Ó Sylvia, Sylvia,

com um féretro de pedras e colheres,

com dois filhos, dois meteoros

vagando livres numa pequena sala de jogos
com a tua boca contra o lençol,

na viga do teto, na silenciosa prece


(Sylvia, Sylvia para onde foste depois da tua carta de Devonshire sobre cultivar batatas e criar abelhas?)
por que causa te ergueste, e como precisamente te afundaste?
Ladra

– como se rastejou


rastejou sozinha

para a morte que eu queria tanto, e há tanto tempo,


a morte que ambas dizíamos ter vencido,

a mesma que carregamos em nossos peitos mirrados,


a mesma que conversávamos frequentemente,

que emborcávamos três dos mais secos martinis de Boston,
a morte que falava de analistas e de curas,

a morte que falava como noivas entre tramas,

a morte que nós bebíamos,

os motivos, e a taciturna realidade?


(Em Boston os moribundos viajam em táxis, sim outra vez a morte, viaja para casa com nossa criança.)


Ó Sylvia, lembro do sonolento baterista

que batia em nossos olhos com uma velha história,


como queríamos deixá-lo vir

como um sádico ou uma fada de Nova Iorque
para fazer seu trabalho,

uma necessidade, uma janela numa parede ou num berço,


e desde então ele esperou,

sob nossos corações, nossas despensas,


e vejo agora que,

ano após ano, velhos suicídios


e sinto ante a notícia da tua morte

um horrível sabor, como sal,


(E eu,

eu também.

E agora, Sylvia, tu outra vez com a morte outra vez,

viaja pra casa

com nossa criança.)


e digo apenas,

estendendo os braços para esse lugar de pedra,


o que é a tua morte,

senão uma antiga possessão,


uma verruga que caiu

de um dos teus poemas?


(Ó amiga, enquanto a lua é má, e o rei parte, e a rainha perde a razão, o bêbado deve cantar!)


Ó mãezinha,

também tu!

Ó estranha duquesa!

Ó coisa loira!


Anne Sexton, 17 de Fevereiro de 1963

quarta-feira

Isso é um texto magoado, manchado, sujo. Esperando dias pra sair da melhor maneira possível, mas como vem de mim, não existe ‘melhor maneira possível’. Por que eu sou um eterno probleminha, sempre na beirada de virar um problemão. Sempre no extremo do estorvo, culpa das minhas psicoses (Já é um drama eu estar falando disso, é um drama eu pensar em falar disso, outro drama o jeito como eu coloco os meus próprios dramas. Uma chatice para qualquer bloco de gelo). Sabe, eu odeio. E me sinto culpada por odiar. Por que eu deveria de ser bem mais zen, light, diet, descolada de mente aberta, mística de bons fluídos. Mas sim, a tua touca vermelha me irrita, a tua falta de tudo me irrita, mesmo estudando na melhor universidade do país, na dignidade de ser letrado, meu deus você escreve inhaí! Péssimo. Você que segue a tendência. Você, que ta sempre certo. Um plágio mal feito. Um livro pela capa, milhões de livros pela capa. Toda a tua história em três segundos. Péssima pose de cool, mostrar o que não é. Toda essa tua indiferença, mata qualquer ser-vivo, e junto com ele todas as coisas boas. Péssimo criar um perfil, quantos perfis na internet você é na vida? Vocês são todas essas propagandas da TV. Vocês são uma rua suja de panfletos. Você é todo mundo, sem rosto. Sim, minha intenção é colocar os bofes pra fora sem grandes compromissos com a boa política da educação. Minha intenção é cortar todos vocês no meio, pra dar mais cor à minha fama de psicótica e infeliz. Eu quero inventar uma historinha pra me disfarçar. Todos os meus mil defeitos, perversos defeitos. O meu ciúme, a minha loucura. Os meus olhos azuis não são um rótulo, são realmente azuis. Eles não são um prêmio, doem na claridade. A minha vida toda até agora, que vocês imaginam que conhecem. Todas as vezes que você me subestimou. Eu quero vomitar tudo. Eu quero sacudir pra me livrar da poeira. Eu quero voltar a escrever qualquer besteira. Eu quero que as pessoas que me cruzam na rua se fodam, é pra elas que eu escrevo. Eu não quero mais adivinhar. Eu quero engolir essa raiva do mundo como um bolo de pêlos. Eu queria sempre o mesmo rosto. Não é você, é todo mundo. Sou eu.
Passou. Vou ajeitar os ponteiros do relógio que eu ganhei.