quarta-feira







"Esteja alerta para a regra dos 3

O que você dá, retornará para você

Essa lição você tem que aprender

Você só ganha o que você merece"

quinta-feira

Sem maquiavélicos sentimentos não escrevo, quando a vida ta assim boazinha e tudo numa calmaria quase assustadora, não rendo meia vírgula. E to ferrada porque não sei inventar histórias, minha escrita sobrevive apenas das minhas próprias experiências, como um semi-relato fantasiado, de realismo fantástico. E aí me diz, vou falar do que? Da bunda dela? Não, isso seria muita propaganda e vanglorismo..
- Vou falar que estou com idéias de decoração incríveis...ha. Sim, eu também sou do lar, apesar de levar duas horas para lavar uma mísera janela.
- Ontem ela me disse que descobriu o nome do filme: Sádica (ui)
- Sem falar que ela jura que lê os meus pensamentos, que eu não preciso verbalizar pra ela saber o que eu estou pensando. Namorada mística.
- Amiguinho me confidenciou safadezas: e meu caro, não desisto de você ser viado! Não esqueci das flores de Natal!
- Andei pensando que um cartão corporativo resolveria meus problemas.
- Larguei o besta do Henry Miller e voltei pro Kerouac, mais quente.
- Declarei, mas ela finge que esquece rápido: “ Até o meu embaraço te deseja, quem não vê?”
- Ela quer fazer mais sexo...
que eu diga palavrões
– e eu digo.
- Tenho sido uma doce babaca, perfil reservado para situações graves, posso ser várias coisas
- Acho que ela gosta.
- Não sei falar de mim, apesar de eu ser um tipo fácil de estranho. Me resumo. Eu sou a própria síntese.

Preciso aperfeiçoar minha maldade.

quarta-feira

Oi, to até com vergonha dessa minha cretina felicidade. Estou contente, com risinho entrecortado na cara, que eu só me imaginava tendo com a mega sena no bolso, de milionária veada que cospe nos outros na rua e ainda canta: ‘se quiser pode me processar’. Apesar de que me falta ambição e me sobra preguiça pra sacanear a carne alheia. Mas ninguém tem grande culpa dessa minha alegriazinha, nem a minha garota que geralmente é a responsável por meu coração pipocar por aí.
Eu não sei de onde veio. Eu não sou bipolar(?). há! Tem duas brahmas na geladeira. Sexta eu viajo. To pensando em que cor, na parede do meu quarto. To pensando ainda na morte, mas agora já com certa candura e conformidade. Todo dia eu lembro do jeito que a minha garota dorme abraçada em mim, que ela sempre me procura como se eu fosse o seu grande tesouro. Que eu ando saudável com a cara rosada. Que a mão da Clarinha sempre procura meu rosto, e que a Ana com todos os seus 3 anos sempre me olha de canto guardando ternura no bolso, junto com balas e brinquedos e B. Tem uma casa me esperando, e uma amiga também. Eu penso em livros e discos com essa mesma alegria. Penso no que eu sou e no que eu quero dividir com você. Penso em escrever, na minha diversão em ver que você me acha meio babaca. Penso que sou uma egoísta de grande estirpe. Penso em toda essa mistura e no que acontece depois. Que você me ama e eu amo você. Que eu acordei hoje com a preguiça de quem transou de madrugada, e com esse risinho lá do começo de tudo, riso sacana e tranqüilo.

terça-feira

Ai que..

Hoje me sinto despida, desprovida de maldade. Peladinha quase um anjo.
Fecha parênteses.

sexta-feira


sossegue coração

ainda não é agora

a confusão prossegue

sonhos afora

calma calma ... logo mais a gente goza

perto do osso

a carne é mais gostosa
leminski

quinta-feira

Sim eu sei, ta na hora de tirar a minha cara do meio do barro.
Prometo não tocar mais no assunto: você morreu seu filha da puta!
Não vai ser fácil excluir os assuntos mórbidos, até porque todo dia no meio do café da manhã já me nasce meigamente uma vontade louca de matar, uns três ou quatro. Eu poderia falar sobre as putinhas da augusta, eu poderia falar sobre todas as putinhas do universo, aliás, eu poderia fazer linda amizade com algumas, é tudo uma questão de prioridade. Mas relaxa, minha prioridade agora é outra coisa, essa coisa sou eu, sim porque eu sou só uma coisa, um estorvo auto-piedoso. Uma chata tentando colocar pra fora de si mesma essa tormenta, uma chata tentando falar. Uma imbecil que não queria mais cair nessa. Esqueci que é cada um por si!

quarta-feira

AMOR MORTO

Tu me disse antes morto do que lésbica! Agora você ta morto, e eu continuo lésbica.
Como é aí do outro lado? Por que aqui vô, eu to apodrecendo por dentro. Ficando louca, como ela me joga na cara.
Mas olha, relaxa e goza porque isso passa. Uma hora tem que passar, outra hora eu vou me fechar, em ferro de fivela.
Diz aí Dani, se pelo menos eu gostasse de mim o tanto quanto gosto de você...

quinta-feira

Encolhida

Todo dia eu lembro do dia que tu morreu. E esse foi um dia de agressão, porque não era só você morto ali, como fato de que as pessoas morrem, era mais, era a morte escancarada o dia todo, esfregada na cara, agressiva. E minha maior luta foi ter te velado e enterrado. Luta afiada, porque os cortes não param de sangrar há anos, desde a nossa primeira morte, a do teu filho. Porque a tua morte foi só conseqüência da morte do teu filho, e foi passado para nós, os mais novos, essa herança genética de dor, de lama no peito, de perda, e o teu coração arrebentou, como algo que se liberta, porque dentro existia uma coisa maior e mais forte do que ele próprio. E eu guardo abafado e dolorido no peito esse nó que me fulmina, herdado primeiro do teu filho, agora de você, de toda a tua vida. Mas eu não me conformo com a morte, com as tuas mãos cruzadas sobre a barriga, e no teu semblante que tentaram disfarçar de sereno, mas que na verdade me parecia aterrorizante, porque eu sei que até na tua Hora, foi a morte do teu filho que tu viveu.
E eu choro, todos os dias, tua morte tem muita vida, é presente como uma sombra, nos meus sonhos de você não-vivo, nos meus sonhos das minhas coisas boas em um caixão. E agora que não existem mais os teus olhos azuis que eu via chorar, agora, a tua viúva pode contar para os que têm o teu sangue e a tua dor, o quanto você foi fraco, egoísta e medíocre durante a vida, e eu via na minha infância tanta beleza sofrida por detrás do teu azul limpo, e você era uma espécie de herói. Deixou de ser.
E eu queria ouvir a tua voz só mais uma vez, eu queria ouvir a tua voz me dizer o que eu faço com essa coisa que herdei de você, eu queria te ouvir e te contar, já que dessa lama ninguém mais quer saber.