sexta-feira

devo ser uma grande sombra, e peso como chumbo em todo movimento teu. Em toda tua grande descoberta tem meu cheiro. como um plágio romântico e descarado.
como é não conseguir ser nada além do outro? um reflexo torto.

e se for pra seguir em frente
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segunda-feira



Foram nove meses jurando amor ao pé do teu ouvido.
Curiosos olhos negros.. com brilho de quem chegou na vida à pouco, e eu encantada com ela..com o coração que ela carrega nos lábios. Tão frágil e tão poderosa que eu daria a minha vida de presente para aquelas mãos pequenas segurarem com força. De mim ela e a mãe arrancam qualquer pedaço. E ela tem quatro dias mas já sabe disso.
E eu me preocupando com besteiras..enquanto o inalcançável me alcança. Enquanto a vida vem me tocar o olhos e a boca. O que eu sinto faz vibrar a casa e se espalha no ar como perfume...pra chegar só nela.

sexta-feira

Mas que dia é esse!? Empolgação afiada! E olhar de quem só vislumbra acima do teu ombro! Pra longe.

quinta-feira

sabe como é né...
hoje acometida por surto verbotrágico passei o dia como uma dandy no lirismo...
tudo muito lindo, tudo muito dance!
tudo hoje.
vou pra casa bolinar as coisas, discos-livros e o gato.

E enquanto eu dormia, Clarinha abria os olhos negros para a vida, com seus imponentes 3k e 800 gramas...
O fruto limpo e cercado de cuidados, de um amor sombrio, amor de quem sai de si para se dar, para ir ao outro. Amor de quem transcende. Amor amor amor...nenhuma outra forma de capricho.
De repente felicidade.

terça-feira

Política IV

Entrei na sala com o coração a milhão e os olhos grudados no chão. Metade do curso, metade da matéria e eu em repentino pânico..daqueles que duram cinco minutos até o seu organismo se acostumar com os olhos arregalados dos outros organismos presentes no mesmo espaço, mas no caso eu era o corpo estranho. Eu tenho essas neuroses de me sentir extremamente intimidada por seres humanos em salas fechadas.. até que alguém me fale alguma besteira e eu me convença de que sim, sou capaz de manter contato com a raça e já amo todo mundo. Mas o fato é, eu me senti literalmente o peixe afogado na própria água.... a sala repleta de revolucionários, ativistas e blá, falando sobre as extremidades da democracia, do sistema ideal para o país, para o mundo, para a galáxia...ah! Do PT ao PSDB... do mister Guevara ao mister Pinochet, mania de revolucionário ser extremista, coisa hipócrita ter que ser partidário...meu partido é um coração partido (Cazuza eu te amo)... eu de tênis no meio da galera de sandalinha de couro, política e batuque. Eu não nasci pra revolução tupiniquim, apóio a causa, aliás, apóio qualquer causa de rebelde sem causa, mas sinceramente me abstenho do peso da história, me nego essa responsabilidade porque mal suporto meu próprio peso, ser o que se é – dor que dá prazer, coisa tipo primeira transa. Mas é claro que eu vou adorar o curso, as aulas e as pessoinhas caricatas, cultura é cool.... e no final a galera abstrai com um BigMac.

segunda-feira

au revoir! arrivederci! αντίο! good bye! adiós! auf wiedersehen!

Como diz o Caetano no novo roquizinho supimpa “você foi mó rata comigoooo”...e me agrada muito ser a prova viva dos teus medos...eu por perto e você se esconde de vergonha, a eterna fuga... ui que isso me dá até tesão. Mas infelizmente o meu tempinho free acabou e o que me interessa mais e mais passeia passivelmente bela por outros cantos.
Então sejamos, terrivelmente.

Então serei terrivelmente, melhor.

sexta-feira

uma viagem em torno do umbigo...
'Tanto faz' de Reinaldo de Moraes - o namoradinho da AnaC!


"Agora, o que eu queria mesmo é uma literatura que fosse, como Torquato Neto, até a demência. E ficasse, como Chacal, entre o play-ground e o abismo. E tivesse a peraltice e o lirismo de Oswald. E o sabor coloquial do Mário de Andrade. Nem confissão, nem ficção. Conficção. Nem obra acabada, nem obra aberta. Obra à-toa".


...Vamos lá. Vamos entrar nesse boing, romance debaixo do braço, otimismo arrepiado, o que iar eu traço, 'eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida" (Clarice Lispector). Tive um sonho roxo outro dia, acordei berrando: manhê! Cada vez menos palavras, cada vez mais frases. Olhar. Cochilar na rede co’a brisa bolindo nos pêlos do peito da gente. Abrir o olho e constatar que a noite baixou. Assobiar com os lábios molhados de cerveja. Nos olhos das mulheres mais lindas Narciso se vê refletido; por isso a beleza não o devora. Coxa na coxa, dançar um bolero de pilequinho. Esvaziar os copos, encher as amizades. Trinta anos e um romance no saco plástico. Saudades daquelas cinco horas da tarde. Literatura, a possibilidade de mentir por escrito...

quarta-feira

ela me disse que passou noites sem dormir e que rodeada dos livros nessas noites abocanhou um por um e não era a resposta que ela queria e todas as mulheres AnaC-Clarice-Hilda nos levam ao Caio - ele é o produto final e nada além e que pergunta é essa que todos eles nos fazem essa mesma pergunta na boca de cada um...
ela me disse que passou noites sem dormir em busca da pergunta e eu me impressionei

ela vive me impressionando assim literalmente a vida dela tão do lado da minha

terça-feira

Jolene...

Well Jolene unlocked the thick breezeway door

like she'd done one hundred times before

Jolene smoothed her dark hair in the mirror

she folded the towel carefully and put it back in place

yeah I want to pull you down into bed

I want to cast your face in lead

well every time I pull you close

push my face into your hair

cream rinse and tobacco smoke

that sickly scent is always, always there

yeah yeah

Jolene heard her father's uneven snores

right then she knew there must be something more

Jolene heard the singing in the forest

she opened the door quietly and stepped into the night

yeah I want to throw you out into space

I want to do whatever it takes, takes, takes

well every time I pull you close

push my face into your hair

cream rinse and tobacco smoke

that sickly scent is always, always there

segunda-feira

.................................[não tem um dia em que eu não]

tramo
dou voltas e voltas..
pra quem sabe na sua frente
“ver quem caça mais o olho um do outro..”
uma chance estancada no peito furioso

.................................[tem sempre alguém que]

mesmo impregnado na derme
escorre pelos dedos
sutil

segunda-feira

Era o dia D, ou B...no no...era o dia C. ah, sei lá.
O fato é que depois de um tempo, que na verdade não é muito tempo mas também não é pouco tempo. Aconteceu o encontro.
Mas foi um tempo suficiente pra me sumir a ansiedade, e ficar a perplexidade, ou o estarrecimento ou...não vou achar nada comparável. Seria o conceito de estranho.
E é claro que as 'bases' tremeram, não por insegurança, mas por fantasia, por imaginação.
E eu me superei paralizada. Porque ela veio me sorrir, veio sim. E eu não consegui me mover de mim, ela na minha frente e eu comentando a idiotice homérica de que ela cresceu, "no inverno as pessoas diminuem e no verão elas crescem"... isso logo depois de uma conversa calorosa sobre átomos e partículas e transmutação e física quântica com o querido amigo meu... e quando eu recuperei a consciência da idiotice que eu havia dito pensei seriamente em me esconder no meio daquele simpático arbusto no centro do jardim, o que me parecia no momento ser o lugar ideal para minha pessoa, pensei também em fingir que estava bêbada e fora de mim, mas eu visivelmente estava sã. E ela saiu correndo antes de eu tomar qualquer atitude...
Agora me diga como eu consegui essa proeza!? Não que houvesse muita coisa importante a ser dita, apenas amenidades agradáveis e sorrisos tenros e olhares carinhosos e claro, as novidades, porque foi isso que nos propusemos.
Estranhezas a parte, o que eu queria mesmo te dizer é que você continua bonitamente bonita...

e sempre enigmática pra não me perder o encanto.

quinta-feira

Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras.

"trilha sonora ao fundo: piano no bordel, vozes barganhando uma informação difícil. agora silêncio; silêncio eletrônico, produzido no sintetizador que antes construiu a ameaça das asas batendo freneticamente. Apuro técnico. Os canais que só existem no mapa. O aspecto moral da experiência. Primeiro ato da imaginação. Suborno no bordel. Eu tenho uma idéia. Uma frase em cada linha. Um golpe de exercício. Memórias de copacabana. Santa Clara às 3 da tarde. Autobiografia. Não, biografia. Mulher. Papai Noel e os marcianos. Billy the Kid versus Drácula. Drácula versus Billy the Kid. Muito sentimental. Agora pouco sentimental. Pensa no seu amor de hoje que sempre dura menos que o seu amor de ontem. Gertrude: estas são idéias bem comuns. Apresenta a jazz-band. Não, toca blues com ela. Esta é a minha vida. Atravessa a ponte. É sempre um pouco tarde. Não presta atenção em mim. Olha aqueles três barcos colados imóveis no meio do grande rio. Estamos em cima da hora. Daydream. Quem caça mais o olho um do outro? Sou eu que admito vitória. Ela que mora conosco então nem se fala. Caça, caça. E faz passos pesados subindo a escada correndo. Outra cena da minha vida. Um amigo velho vive em táxis. Dentro de um táxi é que ele me diz que quer chorar mas não chora. Não esqueço mais. E a última, eu já te contei? É assim. Estamos parados. Você lê sem parar, eu ouço uma canção. Agora estamos em movimento. Atravessando a grande ponte olhando o grande rio e os três barcos colados imóveis no meio. Você anda um pouco na frente. Penso que sou mais nova do que sou. Bem nova. Estamos deitados. Você acorda correndo. Sonhei outra vez com a mesma coisa. Estamos pensando. Na mesma ordem de coisas. Não, não na mesma ordem de coisas. É domingo de manhã (não é dia útil às três da tarde). Quando a memória está útil. Usa. Agora é a sua vez. Do you believe in love...? Então está. Não insisto mais."

AnaC.