segunda-feira

Esse final de semana, eu e meu avô tomamos todas as cervejas da cidade pequena onde ele morou a vida toda, e eu achei uma honra poder tomar um porre com meu avô, que por sinal, tem menos limites do que eu. E me assustei quando me dei conta que ele parece muito mais jovem do que eu, ávido de vida, brincalhão, doce enganador. Provavelmente tem mais namoradas do que eu, o jovem velho sedutor, de sorriso largo e olhos azuis tão limpos que constrangem qualquer cidadão. Tem tanta vida acumulada que já pode ir retirar o prêmio, inevitável prêmio, às vezes me parece que ele guarda todos os segredos nas mãos, ali onde ele tem o controle de tudo, ele gesticula soltando desenhos no ar, incógnitas de um cosmopolita do campo. E foi no silêncio desse campo que eu pensei acalmar as moléculas invisíveis da minha alma, mas só ficou mais nítido o grito surdo do meu peito, pensei em voltar correndo pra cidade onde ninguém escuta nada, só a sinfonia de buzinas e sirenes, quando meu avô me olhou fincado quase me deslocando do lugar e me sentenciou: ‘quando tu pretende domar a fera?’
Dizem que é Sozinho no mato que se enfrenta os piores medos.

6 comentários:

  1. Quando só nos resta olhar para dentro e ver quão bicho somos. Seu avô é um jovem batuta.

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  2. A muito leio seu blogue, que conheci por indicação de amigos. Sempre me tocam suas palavras, seja com um afago ou com um tapa, mas de alguma maneira me alcançam. Admiro muito você. Acho ainda meio perdida, mas ao mesmo tempo madura na escrita, de sensibilidade apurada como nesse último texto. Queria muito lhe falar sobre publicação, e vou procurar você na hora certa.
    Abraços.

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  3. gente....comentem com seus nomezitos...ou me matam do coração.

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  4. e o mato que nao se perca dos cachorros ..prosit! rss
    meoowww

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Mente que eu gosto!