sexta-feira


...porque foi teu aniversário dia 2 de junho e eu esquecí dos parabéns...


"[texto] é a materialidade. Você achar que aquilo esconde uma outra coisa... Não acredito que esconda, acho que a poesia revela , pelo contrário. Ela não esconde uma verdade por trás ou uma via íntima por trás. Mas é também a dificuldade de quem produz, quer dizer, sempre, quando você escreve, tem sempre uma história que não pode ser contada, entende, que é basicamente história, a história da nossa intimidade, a nossa história pessoal. Essa história, ela não consegue ser contada. Se você conseguir contar a tua história pessoal e virar literatura, não é mais a tua história pessoal, já mudou. (...) O que é a literatura, o que é poesia, o que não é? O que é isso de literatura? Que texto maluco é esse , que conta e, ao mesmo tempo, não conta, que tem um assunto e, na verdade, não tem um assunto e é diferente do nosso discurso usual, que é diferente da correspondência, que é diferente do diário? Mesmo que eu pegue um diário, como tentei fazer, mesmo que eu pegue um diário e coloque ali como literatura, mesmo assim continua a haver uma história que não pode ser contada. É um tormento e, de repente, é engraçado também. Você não pode contar..."(César, 1999: 262).

As letras e a vida fazem rizoma em sua heterogeneidade: não há imitação nem semelhança, só atropelos e gagueiras e cortes. Abandona-se a metafísica da representação, afirma-se a fissura metafísica incorporal e estabelece-se uma relação de exterioridade entre o pensamento e a verdade: "Como se o único alívio fosse imaginar uma grande literatura que as arrebatasse e arrebentasse [as pessoas], um texto que já nascesse impresso e divulgado direto da minha cabeça para a úlcera dos outros" (César, 1999: 165). A literatura como empreendimento de saúde. Qualquer coisa assim como...



A MÁQUINA DA ESCRITA de Ana Cristina Cesar: afirmação da fissura nas bordas da produção de sentido.


7 comentários:

Mente que eu gosto!